Orientalíssimo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br por Diogo Bercito Tue, 30 Nov 2021 20:49:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 No fim do ano, instituições oferecem cursos sobre o Oriente Médio https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/no-fim-do-ano-instituicoes-oferecem-cursos-sobre-o-oriente-medio/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/no-fim-do-ano-instituicoes-oferecem-cursos-sobre-o-oriente-medio/#respond Tue, 23 Nov 2021 19:20:37 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Israel-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6359 Nesta semana, o IBI (Instituto Brasil-Israel) oferece uma aula online gratuita sobre as relações entre israelenses e palestinos – um constante tema do noticiário, central ao Oriente Médio contemporâneo. O curso, dado por Tanguy Baghdadi, ocorre na quinta-feira (25) às 19h do horário de Brasília. Baghdadi é professor de relações internacionais do Ibmec, podcaster do Petit Journal e comentarista da Globonews. É preciso se inscrever previamente.

Quem está em busca de mais cursos para este fim de ano pode consultar, também, o calendário do Gepom (Grupo de Estudos e Pesquisa Sobre o Oriente Médio), que sempre tem boas opções. Entre os destaques está o curso de Monique Sochaczewski sobre os judeus do Império Otomano na sexta-feira (27) às 10h. Sochaczewski é cofundadora e pesquisadora sênior do Gepom. Outro destaque é curso de Muna Omran sobre os direitos LGBT em 9 de dezembro às 18h30. Omran é também cofundadora e pesquisadora sênior do Gepom.

Vale a pena ficar de olho, ainda, no Seminário Internacional do Núcleo de Estudos do Oriente Médio da UFF (Universidade Federal Fluminense). A mesa de abertura aconteceu na segunda-feira (22), mas o vídeo segue disponível no YouTube. Participaram Paulo Gabriel Hulu da Rocha Pinto, Paul Amar, Gisele Chagas e John Tofik Karam. Há uma série de outras mesas programadas para estas próximas semanas.

Uma última sugestão é o curso “Pensando a Palestina: direitos humanos e solidariedade internacional”, da rede FFIPP. As aulas começam no dia 4, às 10h. Entre os professores estão o sociólogo palestino Baha Hilo, a bióloga palestina Muna Odeh e o professor da PUC-SP Bruno Huberman. É necessário fazer a inscrição prévia.

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Revista produzida por jornalistas do Oriente Médio celebra um ano https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/10/11/revista-produzida-por-jornalistas-do-oriente-medio-celebra-um-ano/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/10/11/revista-produzida-por-jornalistas-do-oriente-medio-celebra-um-ano/#respond Mon, 11 Oct 2021 14:57:32 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/Screen-Shot-2021-10-11-at-10.50.05-AM-320x213.png https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6327 Árabes, muçulmanos e suas diásporas costumam reclamar – em geral, com toda a razão – da cobertura feita por veículos estrangeiros. Grandes jornais e canais de TV de fora do Oriente Médio têm as suas limitações, incluindo uma longa dificuldade em entender as nuances da região. Existe também um enfoque excessivo em temas como terrorismo e religião, contribuindo à construção de estereótipos.

Nesse contexto, é alegre a celebração do primeiro aniversário da revista New Lines. Produzida em inglês por gente do Oriente Médio ou com excepcional familiaridade com a região, essa publicação tem conseguido trazer complexidade ao debate público. “Profundidade e nuance”, como eles mesmo apregoam no texto de aniversário – além de amplificar as vozes locais, desafiando as narrativas pré-fabricadas.

A equipe inclui nomes de peso como o de Hassan Hassan, especialista em terrorismo e co-autor do best-seller “ISIS: Desvendando o Exército do Terror”. Também faz parte da equipe o jornalista Kareem Shaheen, que foi correspondente do britânico Guardian no Oriente Médio.

A língua inglesa limita, é claro, a audiência da revista. Este Orientalíssimo blog costuma evitar essas sugestões, que não são acessíveis a todos. Mas a consolidação da New Lines é uma boa notícia em si, e o conteúdo vale o esforço da leitura no idioma estrangeiro.

Entre os destaques do primeiro ano da New Lines, compilados pela equipe deles, está uma reportagem sobre o gênero da ficção científica em árabe. A revista também publicou textos relevantes, com furos, como o perfil que Feras Kilani escreveu sobre o novo auto-proclamado califa da organização terrorista Estado Islâmico. Ademais, quem leu o trabalho de Fazelminallah Qazizai no Afeganistão talvez não tenha se surpreendido com o retorno do Talibã no Afeganistão neste ano.

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Cursos gratuitos mostram contribuições árabes à ciência e às artes https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/04/08/cursos-gratuitos-mostram-contribuicoes-arabes-a-ciencia-e-as-artes/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/04/08/cursos-gratuitos-mostram-contribuicoes-arabes-a-ciencia-e-as-artes/#respond Thu, 08 Apr 2021 14:15:41 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/Screen-Shot-2021-04-08-at-9.58.51-AM-320x213.png https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6090 O ICArabe (Instituto da Cultura Árabe) oferece desde fevereiro uma série de cursos gratuitos sobre as contribuições da civilização árabe-islâmica para a humanidade. São 21 aulas no total, dadas por especialistas em temas como matemática, física, filosofia, comida, migração e música. Os encontros geralmente acontecem às quintas-feiras às 19h pelo Zoom e são seguidos por debates com o público.

A lista de cursos está abaixo. No caso das aulas que já tinham sido dadas antes da publicação deste texto, o link leva a um vídeo no YouTube. Para os encontros ainda a ser realizados, como a conversa sobre léxico árabe no português em 15 de abril, é necessário fazer a inscrição. No caso de dúvida, procurem também o canal no YouTube.

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25.fev – Ciências da vida, com Murched Omar Taha (Unifesp)

4.mar – Os árabes e o desenvolvimento da ciência, com Soraya Soubhi Smaili (Unifesp)

11.mar – Unani Tibb: Introdução à medicina greco-árabe, com Anaíse Shigue (Unifesp)

18.mar – Arquitetura e padrões artísticos islâmicos, com Lygia Ferreira Rocco (USP)

24.mar – Finanças islâmicas, com Angela Martins (First Abu Dhabi Bank)

1º.abr – As contribuições dos árabes à física, com Ivã Gurgel (USP)

15.abr – Léxico português de origem árabe, com João Baptista Vargens (UFRJ)

22.abril A filosofia no mundo islâmico medieval, com Jamil Ibrahim Iskandar (Unifesp)

29.abr – Direito islâmico, com Salem Hikmat Nasser (FGV)

6.mai – Música árabe, com Marcia Dib

13.mai – As Mil e Uma Noites, com Mamede Mustafa Jarouche (USP)

20.mai – Islã medieval e historiografia, com Beatriz Bisso (UFRJ)

27.mai – A imigração árabe ao Brasil contemporâneo, com Jamil Zugueib Neto (UFPR)

10.jun – A poesia árabe no mundo, com Michel Sleiman (USP)

17.jun – Casa de sabedoria em Bagdá, com Ayman Esmandar

24.jun – Escritoras árabes contemporâneas, com Safa Jubran (USP)

1º.jul – Cozinhas árabes, com Fred Caffarena (FIRIN)

8.jul – A contribuição dos árabes para a química, com Mansur Lutfi (Unicamp)

15.jul – A medicina medieval islâmica de Avicena e Rasis, com Renato Marcos Sabbatini (Edumed)

20.jul – As contribuições dos árabes à matemática, com Francisco Miraglia Neto (USP)

22.jul – Biologia e ciências do ambiente, com Mohamed Habib (Unicamp)

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O Oriente Médio não é um ‘lugar complexo’ de ‘conflitos milenares’ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/01/07/o-oriente-medio-nao-e-um-lugar-complexo-de-conflitos-milenares/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/01/07/o-oriente-medio-nao-e-um-lugar-complexo-de-conflitos-milenares/#respond Tue, 07 Jan 2020 13:50:44 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/Sykes-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5054 Desde a morte do general iraniano Qassim Suleimani na madrugada de sexta-feira (3), voltou a circular pela imprensa e pelas redes sociais a ideia de que o Oriente Médio é um lugar pavorosamente complicado. Outra ideia que tem bastante força é a de que os conflitos naquela região são milenares — e, portanto, são impossíveis de solucionar. Este Orientalíssimo blog, no entanto, discorda dessas duas avaliações, que mais servem para impedir o engajamento crítico com a situação.

Essa suposta complexidade excepcional do Oriente Médio é um dos estereótipos que ajudam a tornar a região ainda mais distante, exótica e inexplicável. Sobra a um punhado de analistas e políticos a tarefa de explicar, afinal, o que está acontecendo por ali. A política iraniana não é mais difícil de entender do que a brasileira ou a americana, no entanto, para quem se esforça em estudá-la e em falar a sua língua.

Outro estereótipo recorrente é o da antiguidade dos confrontos no Oriente Médio. Como quem diz que não adianta tentar resolver os problemas da região, porque eles existem há tanto tempo que já se naturalizaram. Mas não há nada de ancestral em tantas dessas crises. O sistema político sectário do Líbano, por exemplo, não remonta aos primórdios do mundo — e sim ao colonialismo francês do século 20.

Em seu livro “Orientalismo”, o pensador palestino Edward Said criticou justamente essa ideia de que o Oriente Médio é uma região imutável. A tese de que os árabes e o islã estão fadados a nunca mudar serviu, no passado, para justificar missões civilizatórias e a colonização da região.

Para quem está interessado em conhecer melhor o assunto e evitar generalizações, segue abaixo uma lista sugerindo cinco boas obras.

“Orientalismo”, Edward Said
“Contending Visions of the Middle East”, Zachary Lockman
“Uma História dos Povos Árabes”, Albert Hourani
“The Arabs: A History”, Eugene Rogan
“Maomé”, Karen Armstrong

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USP organiza seminário sobre conflitos globais e jornalismo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/28/usp-organiza-seminario-sobre-conflitos-globais-e-jornalismo/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/28/usp-organiza-seminario-sobre-conflitos-globais-e-jornalismo/#respond Wed, 28 Nov 2018 15:21:16 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/Libia-e1543418367559-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=4262 Uma sugestão a jornalistas, estudantes de jornalismo e demais interessados na cobertura de conflitos: a USP realiza neste dia 30 o seminário “Conflitos Globais, Jornalismos Locais: Fronteiras e Desafios na Geopolítica do Jornalismo”. O evento, com apoio do Instituto Brasil-Israel, é organizado pela Escola de Comunicações e Artes e pelo Instituto de Relações Internacionais daquela universidade. O seminário faz parte do festival internacional Games for Change. Após as mesas, haverá um “game jam”, nome dado a um encontro de desenvolvedores de jogos eletrônicos. Orientados pelo professor Gilson Schwartz, os participantes vão formular games sobre as famigeradas “fake news”.

O seminário terá quatro mesas. A primeira, às 10h, homenageará Samuel Wainer, Alberto Dines e Otavio Frias Filho, recém-falecido diretor de redação da Folha — Vinicius Mota, secretário de redação do jornal, participará do debate. O tema da segunda, às 11h, é “fake news”, as notícias falsas circuladas em escala industrial na rede nestes últimos anos, afetando eleições. Na terceira mesa, às 15h, os jornalistas Jayme Brener, João Batista Natali, Jaime Spitzkovsky e Paulo Cabral falarão sobre a cobertura de conflitos no Oriente Médio. Por fim, no último encontro, às 17h, os participantes conversarão sobre memes, games e ícones na disputa entre as diferentes narrativas nas redes sociais.

Todas as mesas serão realizadas no auditório do Instituto de Relações Internacionais da USP (Av. Professor Lúcio Martins Rodrigues, s/n). A entrada é gratuita, mas é necessário fazer sua inscrição pela internet.

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Documentos do Estado Islâmico acusam policiais de pedofilia e frequentar bordéis https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/01/18/documentos-do-ei-acusam-policiais-de-pedofilia-frequentar-bordeis-e-beber-alcool/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/01/18/documentos-do-ei-acusam-policiais-de-pedofilia-frequentar-bordeis-e-beber-alcool/#respond Wed, 18 Jan 2017 11:09:22 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/DocEI-e1484737499965-180x82.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2636 Os avanços do exército iraquiano em Mossul, hoje controlada pela organização terrorista Estado Islâmico, têm produzido um extenso arquivo de documentos. Analistas de segurança, como Hisham al-Hashimi, têm compilado esses papeis oficiais da milícia, que são importantes registros de sua gestão. O Estado Islâmico controla a cidade de Mossul, sua maior fortaleza, desde meados de 2014.

Hashimi publicou uma série desses documentos durante a quarta-feira (18) em sua conta na rede social Twitter. Ele reuniu, em especial, acusações contra policiais do Estado Islâmico — acusados de praticar pedofilia, frequentar bordéis e beber álcool. Essa organização terrorista, que tenta emular o califado islâmico do século 7, impõe restrições e punições severas em seu território.

Policial acusado de pedofilia pelo Estado Islâmico. Crédito Reprodução
Policial acusado de pedofilia pelo Estado Islâmico. Crédito Reprodução

É possível ler alguns desses documentos detalhados na conta do jornalista Elijah Magnier, que ressalta a existência de bordéis nas cidades controladas pelos terroristas, frequentados pelas forças de segurança. Magnier também reproduz a acusação contra um policial supostamente alcoólatra.

Há uma série de ressalvas a serem feitas em relação a esses papéis, cuja autenticidade não foi confirmada de maneira independente. Houve, no passado, casos de documentos do Estado Islâmico forjados. Não faltam interessados em retratar essa organização terrorista como extrema ou corrupta. Soldados iraquianos, por exemplo, poderiam ter preenchido os papéis ao conquistar partes de Mossul.

Por outro lado, esses documentos são alguns entre centenas que já foram recolhidos no território do Estado Islâmico. Não está em discussão que essa organização terrorista tente se comportar como um Estado e produza, assim, a papelada de uma burocracia.

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Soldado iraquiano e tradutor do Exército dos EUA se apaixonaram durante a guerra no Iraque https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/01/12/soldado-iraquiano-e-tradutor-do-exercito-dos-eua-se-apaixonaram-durante-a-guerra-no-iraque/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/01/12/soldado-iraquiano-e-tradutor-do-exercito-dos-eua-se-apaixonaram-durante-a-guerra-no-iraque/#respond Thu, 12 Jan 2017 13:05:38 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/iraq-e1484226007753-180x86.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2617 Entre as notícias da crescente violência no Iraque e as imagens de atentados terroristas em Bagdá, a rede britânica BBC publicou hoje uma história alentadora: o relato de como Nayyef Hrebid, tradutor do Exército americano, apaixonou-se pelo soldado iraquiano Btoo Allami.

Hrebid e Allami se conheceram em 2003 durante os embates subsequentes à invasão americana do Iraque. Eles participaram das ofensivas contra insurgentes em Ramadi. “Eu tinha essa sensação estranha de que estava buscando ele”, disse Allami sobre o dia em que viu Hrebid. “Meus sentimentos cresceram com o tempo e eu sabia que queria falar com ele.”

Ambos puderam conhecer-se melhor durante uma operação no principal hospital da cidade. Eles começaram a compartilhar refeições e trocaram declarações de amor em um estacionamento, entre os veículos militares americanos estacionados. A relação lhes ajudou a viver os duros anos de tensão sectária, em um país onde homossexuais são perseguidos inclusive por agências do governo.

O tradutor e o soldado tiveram que se esquivar do preconceito de colegas, amigos e familiares. Eles sobreviveram também aos deslocamentos dentro dos dois Exércitos. O casal precisou lidar, ademais, com a distância — em 2009, Hrebid pediu asilo nos Estados Unidos, mas não conseguiu estender a permissão ao seu namorado.

Iniciou-se, segundo a BBC, uma longa luta até que Allami pudesse deixar o Iraque e mudar-se ao Líbano e então ao Canadá. Eles se casaram ali e, em 2014, a migração de Allami aos EUA foi finalmente aprovada. Quando soube da decisão, conta: “Cobri minha boca com a mão para não gritar. Saímos e eu estava chorando e tremendo. Não conseguia acreditar que estava acontecendo.”

O casal vive hoje em Seattle e foi tema de um documentário chamado “Out of Iraq”, exibido durante um festival de cinema em Los Angeles no ano passado. O trailer está abaixo, em inglês.

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Revista do Estado Islâmico havia sugerido ataque com caminhão em edição de novembro https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/12/21/revista-do-estado-islamico-havia-sugerido-ataque-com-caminhao-em-edicao-de-novembro/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/12/21/revista-do-estado-islamico-havia-sugerido-ataque-com-caminhao-em-edicao-de-novembro/#respond Wed, 21 Dec 2016 13:00:10 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2016/12/Rumiyah3-180x71.png http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2591 A edição de novembro da revista “Rumiyah”, publicada pela organização terrorista Estado Islâmico, havia sugerido ataques que se assemelham ao cenário em Berlim nesta segunda-feira (19). O exemplar, disponível na internet, exemplifica diversas das táticas para “privar os inimigos de Deus de um sono pacífico”. Uma das ideias é usar um veículo como arma.

Capa da revista "Rumiyah", publicada pelo Estado Islâmico. Crédito Reprodução
Capa da revista “Rumiyah”, publicada pelo Estado Islâmico. Crédito Reprodução

O método, segundo a revista, é lançar-se em alta velocidade “contra uma grande aglomeração de infiéis”, “esmagando seus corpos”. O texto é bastante descritivo a respeito dos efeitos do impacto no corpo das vítimas. Veículos são, segundo o Estado Islâmico, extremamente fáceis de adquirir e não levantam suspeitas.

A revista especifica que, para maximizar o dano, é preferível utilizar um veículo pesado. O ideal, segue o texto, é um caminhão carregado. A organização terrorista lista também os principais alvos para a estratégia, como ruas lotadas e mercados. O texto, por fim, ensina uma prece a ser feita antes de embarcar no veículo antes do atentado, que culmina em “nós de fato iremos retornar ao nosso senhor”.

Veículos, em especial os caminhões, são uma tática com alguma história entre organizações terroristas. A rede Al Qaeda já havia descrito os caminhões em 2010 em uma edição de sua revista “Inspire” como “uma máquina ceifadora, não para cortar a grama, mas para aparar os inimigos de Deus”. Era uma das sugestões dadas pela revista, que também ensinou em outro número a montar uma bomba caseira em uma panela de pressão.

Trecho da revista "Inspire", da Al Qaeda. Crédito Reprodução
Trecho da revista “Inspire”, da Al Qaeda. “A máquina de ceifar definitiva”. Crédito Reprodução

A estratégia voltou a circular em 2014, quando um porta-voz do Estado Islâmico pediu que militantes no exterior atropelassem os inimigos do auto-proclamado califado. Houve uma série de tentativas menores com essa tática até o atentado de Nice, em julho, que deixou 86 mortos no dia da Bastilha. Esse ataque é citado pela revista “Rumiyah” como um exemplo a ser seguido.

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Escritor argelino narra a história do país por meio do boxe https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/10/30/escritor-argelino-narra-a-historia-do-pais-por-meio-do-boxe/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/10/30/escritor-argelino-narra-a-historia-do-pais-por-meio-do-boxe/#respond Sun, 30 Oct 2016 09:00:37 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/argelia2-e1477900237912-180x82.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2513 Publiquei neste domingo (30), na “Ilustríssima”, uma reportagem sobre o futebol no Oriente Médio. O texto reúne, a partir de um estudo de James Dorsey, exemplos da intersecção entre o campinho e a política. O líder da organização terrorista Estado Islâmico, por exemplo, era conhecido como “Maradona” na prisão, e os torcedores egípcios estiveram na linha de frente da revolução de 2011.

Conversei também sobre esse assunto com o escritor argelino Yasmina Khadra, pseudônimo de Mohammed Moulessehoul. Khadra publicou em 2013 o livro “Os Anjos Morrem”, sobre um jovem que encontra em outro esporte — o boxe — a sua chance de redenção. “Foi pelas vitórias de seus boxeadores que os argelinos retomaram sua identidade depois de terem sido, por um século, reduzidos a menos do que nada”, ele disse a este Orientalíssimo blog. A Argélia foi colonizada pela França de 1830 a 1962.

“Fomos vencidos pelas armas. Nos restava recuperar nosso orgulho por meio do esporte. Nossos atletas nos permitiram manter acesa a chama de nossa honra, que continuava a nos iluminar vinda de dentro.”

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Orientalíssimo – O senhor escolheu contar a história da Argélia por meio do boxe. Por quê?
Yasmina Khadra – A Argélia foi colonizada pela França. Europeus e nativos viviam cada qual dentro de sua comunidade. Exploradores e explorados. O boxe e o futebol foram as únicas oportunidade de reunir os dois campos durante uma partida. Eu queria contar esses momentos. A literatura de época ignora os paradoxos rampantes entre os relatos dos colonos e dos saqueados.

Como a Argélia reconstruiu sua imagem por meio do esporte?
A imagem da Argélia sempre esteve desfigurada. Os prismas por meio dos quais nós observávamos o país estavam enviesados. Ainda hoje estamos longe da realidade. Em especial durante os anos de terrorismo. O argelino é ainda hoje um personagem incompreendido, uma espécie de enigma. Foi pelas vitórias de seus boxeadores que os argelinos retomaram sua identidade depois de terem sido, por um século, reduzidos a menos do que nada. O ringue foi, nos anos 1930, uma tribuna política a partir da qual os argelinos reclamaram o respeito que lhes havia sido negado. Cada combate se transformava em um fórum militante.

O senhor parece entender que o esporte é uma dimensão simbólica em que é possível um argelino vencer o colonizador. Mesmo se o colonizador estiver vencendo, territorialmente?
Exatamente. A vitória de um boxeador argelino galvanizava o espírito do nacionalismo nascente. Pela primeira vez, nossos heróis tinham o direito de levantar os braços ao céu e de posar diante dos fotógrafos. Pela primeira vez, eles tinham um lugar nos jornais e um possível acesso à posteridade. Quando um boxeador francês derrubava um de nossos campeões, o que era raro, nosso entusiasmo exigia uma revanche imediata.

O futebol, ou o esporte em geral, foi bastante importante para a fabricação de uma identidade argelina.
Absolutamente. O colonialismo francês foi de uma brutalidade rara. Tentou nos reificar, nos tornar estrangeiros a nós mesmos. Mas nós tínhamos uma história anterior. Desde 1830, início da colonização da Argélia, nossas tribos não deixaram de combater. Fomos vencidos pelas armas. Nos restava recuperar nosso orgulho por meio do esporte. Nossos atletas nos permitiram manter acesa a chama de nossa honra, que continuava a nos iluminar vinda de dentro.

Por que o esporte, especificamente?
O esporte é uma vitrine privilegiada a todos os povos. É por meio de nossos campeões que consolidamos nosso lugar. E é também por meio de nossos campeões que ganhamos o respeito e a admiração das outras nações. O Brasil é adorado em todo o mundo graças a seu futebol espetacular. O esporte é, sem dúvida, o instante mágico em que nos tornamos plenamente humanos.

Certos países são mais influenciados pelo futebol, e por que razões históricas?
Todos os países são influenciados pelo futebol. Não se trata de razões históricas, mas simplesmente de uma necessidade natural de sonhar. O esporte é uma terapia sublime. Acalma nossas angústias. Uma vitória é um alívio. Uma derrota é o retorno à banalidade de todos os dias — mas, como sempre há revanche, existem outras chances de vencer e ser feliz. Se todos os conflitos do mundo fossem determinados nos estádios ou nos ringues, as guerras matariam menos pessoas e causariam menos dano, e os homens viveriam menos frustrados e raivosos. Então viva o esporte!

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Iraquianos são o povo mais generoso a estranhos, diz pesquisa https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/10/25/iraquianos-sao-o-povo-mais-generoso-a-estranhos-diz-pesquisa/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/10/25/iraquianos-sao-o-povo-mais-generoso-a-estranhos-diz-pesquisa/#respond Tue, 25 Oct 2016 10:12:32 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/iraque1-e1477390466783-180x83.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2499 Iraquianos viveram anos extremos nesta última década. A invasão americana de 2003 ativou, por exemplo, uma cruenta disputa sectária. Bombas explodem até hoje com frequência em Bagdá, sua capital, e desde 2014 o país enfrenta a organização terrorista Estado Islâmico. Na semana passada o Exército iniciou uma ofensiva militar para retomar Mossul, sua segunda maior cidade, das garras dessa milícia.

Mas, apesar do duro histórico, o Iraque dá mostras de que resiste. Sua população foi eleita, em um ranking divulgado nesta semana, a mais generosa em relação a estranhos precisando de ajuda. O índice,  criado em 2010, é compilado pela Charities Aid Foundation a partir de informações da empresa Gallup reunidas em 140 países.

População iraquiana recebe auxílio humanitário próximo a Erbil. Crédito Alaa Al-Marjani/Reuters

Segundo a pesquisa, 81% dos iraquianos afirmaram ter ajudado alguém que não conheciam no mês anterior. E é significativo que os outros campeões da boa vontade também venham de países instáveis — a Líbia, em guerra civil, está na segunda posição. A Somália, em confronto há 25 anos, ficou em quarto lugar. O Brasil, por sua vez, está na 60ª posição, com 54% da população. O pior colocado é a China, com 24%.

“Eu acho que a lição aqui é de que as sociedades são incrivelmente resilientes e que desastres de larga escala costumam ativar uma resposta humanitária coletiva”, disse Adam Pickering, da Charities Aid Foundation, à agência de notícias Reuters.

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