Orientalíssimo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br por Diogo Bercito Tue, 30 Nov 2021 20:49:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Fotógrafo brasileiro lança livro sobre as suas origens no Líbano https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/09/15/fotografo-brasileiro-lanca-livro-sobre-as-suas-raizes-no-libano/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/09/15/fotografo-brasileiro-lanca-livro-sobre-as-suas-raizes-no-libano/#respond Wed, 15 Sep 2021 14:30:43 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/bruno2-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6312 Acaba de chegar às minhas mãos o livro “Deus Também Descansa”, do fotógrafo brasileiro Bruno Bou Haya. Lançado em 2020 pela Vento Leste, o trabalho reúne imagens feitas por Haya durante uma viagem ao Líbano em julho de 2019. O assunto, é claro, interessa e muito a este Orientalíssimo blog, que tem cada vez mais publicado notícias sobre a intersecção entre o Brasil e o Líbano. Lancei em maio o livro “Brimos: Imigração Sírio-Libanesa no Brasil e Seu Caminho Até a Política”.

A avó de Haya migrou do Líbano para o Brasil em 1948. Chegou ao Rio Grande do Sul grávida e, como tantos outros migrantes, trabalhou no comércio. A família teve três lojas no Saara, complexo comercial no Rio de Janeiro equivalente à rua 25 de Março em São Paulo. O fotógrafo cresceu ouvindo as histórias de seus antepassados libaneses. Na busca por uma ideia mais sólida de suas raízes, visitou o vilarejo de Beit Menzer — no nordeste do Líbano, próximo a lugares como Ehden e Bsharri. Sua mãe o acompanhou na jornada de auto-descoberta.

As imagens de “Deus Também Descansa” são um importante material visual para a discussão da história da migração libanesa e seus impactos nas gerações de descendentes. O retorno à terra ancestral é um tema central na história de outros descendentes, que processam suas origens de maneiras diferentes. Um outro modo de entender a origem levantina é a literatura, caso de Milton Hatoum, autor de “Dois Irmãos”. Hatoum também é descendente de migrantes libaneses.

Para além das fotografias feitas em Beit Menzer, Haya inclui alguns valiosos documentos históricos no livro. Aparece, por exemplo, uma imagem de seu tio-avô Youssef recebendo o então senador Juscelino Kubitschek no Líbano em 1961. O livro é acompanhado também de uma reprodução de uma edição do jornal O Cedro,  publicado por libaneses em São Paulo, noticiando a morte de Youssef em 1964.

Imagem de “Deus Também Descansa”, de Bruno Bou Haya. Crédito Divulgação

 

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5 livros para conhecer o Líbano, país que se aproxima de um colapso https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/07/20/5-livros-para-conhecer-o-libano-pais-que-se-aproxima-de-um-colapso/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/07/20/5-livros-para-conhecer-o-libano-pais-que-se-aproxima-de-um-colapso/#respond Tue, 20 Jul 2021 16:31:54 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Libano-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6254 O Líbano vive uma crise sem precedentes. Seu PIB (produto interno bruto) encolheu 20% em 2020 e deve retrair 9,5% neste ano. A libra perdeu mais de 90% de seu valor em relação ao dólar. Mais de metade da população vive abaixo da linha da pobreza. Com tudo isso, o Banco Mundial alertou em junho que o país pode passar por um dos piores colapsos econômicos de todo o mundo desde meados do século 19.

Esse desastre tem passado batido no Brasil, o que é surpreendente. É aqui que vive a maior diáspora libanesa do mundo, estimada em milhões de pessoas. O quibe e a esfiha que comemos diariamente em cidades como São Paulo vieram de lá, assim como as famílias de políticos como Fernando Haddad, Paulo Maluf e Michel Temer.

Para quem quiser conhecer mais sobre o país, este Orientalíssimo blog compila abaixo cinco sugestões de leitura. Se você precisar de uma recomendação específica, fique à vontade para me escrever um email.

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“UMA HISTÓRIA DOS POVOS ÁRABES”, DE ALBERT HOURANI
A primeira sugestão é um livro de base, para um contexto mais geral sobre a história da região. Albert Hourani era um pesquisador britânico-libanês e sua obra é um dos textos de referência para quem está começando a estudar o Oriente Médio. É uma leitura por vezes densa, mas essencial para entender de onde vem o Líbano moderno.

“OS ÁRABES: UMA HISTÓRIA”, DE EUGENE ROGAN
Esta segunda indicação é também para quem precisa de contexto histórico, antes de se debruçar nos detalhes. Eugene Rogan, que foi pupilo de Hourani, narra a história do Oriente Médio desde a chegada dos otomanos no século 16 até hoje. Prestem atenção, em especial, aos trechos sobre o príncipe druso Fakhr al-Din e o protetorado francês.

“OS LIBANESES”, DE MURILO MEIHY
O livro do historiador brasileiro Murilo Meihy é uma excelente porta de entrada para a história libanesa e sua cultura. Meihy escreve para um público amplo, sem jargões. Ele fala, por exemplo, sobre a arte de fumar narguilé — e de xingar. Meihy também toca brevemente nas relações entre Líbano e Brasil, no contexto da migração em massa.

“POBRE NAÇÃO”, DE ROBERT FISK
O premiado (e controverso) jornalista britânico Robert Fisk narra, nesta conhecida obra, a Guerra Civil Libanesa, travada de 1975 a 1990. Fisk foi um dos poucos repórteres a testemunhar aqueles eventos, que moldaram também as histórias dos países vizinhos Israel e Síria. Seu livro é um clássico para conhecer melhor o Líbano contemporâneo.

“A HOUSE OF MANY MANSIONS”, DE KAMAL SALIBI
Esta última sugestão é para quem lê em inglês. O livro do libanês Kamal Salibi é fundamental para conhecer melhor os debates historiográficos a respeito do Líbano — ou seja, como a história do país foi escrita. Salibi analisa uma série de narrativas, como a de que os libaneses são descendentes dos fenícios. Ele fala também do nacionalismo árabe.

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Com cônsul honorário em Campinas, Líbano amplia presença no Brasil https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/07/08/com-novo-consulado-em-campinas-libano-expande-diplomacia-no-brasil/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/07/08/com-novo-consulado-em-campinas-libano-expande-diplomacia-no-brasil/#respond Thu, 08 Jul 2021 16:12:01 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Temer-e1625759620559-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6231 O governo libanês inaugurou nesta segunda-feira (5) um consulado honorário em Campinas, no interior de São Paulo. O novo escritório, que será chefiado pelo cônsul honorário Miled El Khoury, faz parte de um projeto de ampliação da representação do Líbano no Brasil.

O Líbano já tem embaixada em Brasília e consulados gerais em São Paulo e no Rio de Janeiro. Nos últimos anos, o país estabeleceu consulados honorários em Belém, Goiânia, Belo Horizonte, Curitiba e Campo Grande. Há planos de expansão para Santos e Florianópolis, na sequência. Cônsules honorários têm um trabalho simbólico de aproximação, por exemplo, no âmbito econômico.

Não à toa o Brasil chama tanto a atenção do Líbano. O país abriga hoje a maior comunidade libanesa do mundo. Há controvérsias sobre as estimativas, mas o Itamaraty fala, por exemplo, em entre 7 e 10 milhões de libaneses e descendentes no país. Segundo informações do novo consulado honorário, há 300 mil libaneses e descendentes na região metropolitana de Campinas, representada pelo escritório.

A presença de libaneses em cargos públicos é um dos exemplos mais claros da influência dessa comunidade no Brasil. O ex-presidente Michel Temer — que participou da cerimônia de inauguração — é filho de libaneses do vilarejo de Btaaboura. Também tem essa origem levantina o próprio prefeito de Campinas, Dário Saadi, outro presente no evento. Há libaneses e descendentes em outras áreas, ademais. Por exemplo, os escritores Milton Hatoum e Raduan Nassar, a cantora Wanderléa, o ator Maurício Mattar e o jornalista Guga Chacra.

Os laços entre os dois países levaram o Brasil a oferecer ajuda ao Líbano depois que uma explosão devastou Beirute, no ano passado. Há planos, agora, de criar um fundo para brasileiros investirem no Líbano — que vive um dramático colapso econômico nestes últimos meses.

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Universidade lança clube de leitura dedicado à literatura árabe https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/06/21/universidade-lanca-clube-de-leitura-dedicado-a-literatura-arabe/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/06/21/universidade-lanca-clube-de-leitura-dedicado-a-literatura-arabe/#respond Mon, 21 Jun 2021 13:40:11 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/CEAI2-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6212 A UFS (Universidade Federal de Sergipe) estreia em julho um clube de leitura dedicado à literatura árabe – se não o único, ao menos um dos poucos do tipo no Brasil. O projeto faz parte do Centro de Estudos Árabes e Islâmicos, inaugurado no fim de 2019. O clube vai se reunir uma vez por mês na internet para conversar sobre a obra escolhida. A participação é gratuita, mas é preciso fazer a inscrição previamente.

Segundo a Agência de Notícias Brasil – Árabe, o ciclo de violência recente em Jerusalém e na faixa de Gaza foi um dos catalisadores do projeto. “Sentimos a necessidade de falar de formas diversas sobre o que acontece no Oriente Médio, fugir da efemeridade superficial com que os grandes meios de comunicação abordam a Palestina e os países árabes”, disse à agência Marianne Gennari, uma das criadoras do clube.

No primeiro encontro, o grupo vai discutir a coletânea de contos “Beirute Noir”, da libanesa Iman Humaydan. Os participantes terão desconto na compra do livro, graças a uma parceria entre o clube de leitura e a editora Tabla. Já para a segunda reunião a obra escolhida é “O Sussurro das Estrelas”, do egípcio Naguib Mahfouz, publicado no Brasil pela editora Carambaia. Mahfouz é o único autor de língua árabe a ter recebido um Nobel de Literatura. No futuro, o clube vai também conversar sobre a literatura que foi escrita por árabes na diáspora.

O clube de leitura da universidade sergipana coincide com um excelente momento para a literatura árabe no Brasil. Como recentemente expliquei na revista Quatro Cinco Um, nunca se traduziu tanto do árabe para o português. Isso é em parte resultado do surgimento de um grupo de tradutores na USP capitaneados pela professora Safa Jubran, além de uma editora especializada, a Tabla.

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Evento debate a literatura escrita por migrantes árabes no Brasil https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/04/23/evento-debate-a-literatura-escrita-por-migrantes-arabes-no-brasil/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/04/23/evento-debate-a-literatura-escrita-por-migrantes-arabes-no-brasil/#respond Fri, 23 Apr 2021 16:15:00 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/Shafiq-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6110 Entre os mais de 150 mil árabes que migraram para o Brasil a partir de 1870, vieram jornalistas e escritores. Radicados em cidades como São Paulo e o Rio, eles escreveram em sua língua nativa — gerando uma produção cultural que poucas vezes é celebrada. O Brasil era inclusive, nas primeiras décadas do século 20, um dos centros intelectuais do mundo árabe. Entre 1880 e 1929, havia 95 jornais e revistas em árabe no Brasil. Em comparação, havia 82 publicações na Palestina durante o mesmo período. Até 1944, essa comunidade já havia publicado ao menos 156 livros em língua árabe, somando ao menos 200 mil cópias.

Essa história vai ser celebrada nesta sexta-feira (23) às 17h em um evento organizado pela Editora Tabla. O bate-papo vai contar com diversos especialistas. Por exemplo, a historiadora Heloisa Abreu Dib, que coordena um projeto de digitalização de documentos da comunidade sírio-libanesa no Brasil. Participará também Alberto Sismondini, da Universidade de Coimbra, que estuda a literatura brasileira de origem árabe. Estarão na mesa, também, a pesquisadora e jornalista Christina Queiroz e o professor da USP Michel Sleiman.

Gratuito, o evento será transmitido pelo YouTube e pelo Facebook da editora e poderá ser visto depois. Fundada em 2020, a Tabla tem como um de seus enfoques a tradução da literatura árabe para o português.

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Evento virtual celebra o 25 de março, dia da comunidade árabe https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/25/evento-virtual-celebra-o-25-de-marco-dia-da-comunidade-arabe/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/25/evento-virtual-celebra-o-25-de-marco-dia-da-comunidade-arabe/#respond Thu, 25 Mar 2021 14:15:21 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/25Marco2-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6078 A Câmara de Comércio Árabe – Brasileira comemora nesta quinta-feira (25) o dia nacional da comunidade árabe com um evento virtual. A celebração começa às 19h na plataforma digital Zoom. Especialistas vão conversar sobre a história dos árabes no Brasil. A Câmara deve apresentar, também, os resultados do censo realizado no ano passado, que sugeriu a presença de 12 milhões de pessoas com ascendência árabe no Brasil. Gratuita, a inscrição pode ser feita por este link.

Como parte das celebrações deste dia, a Câmara vai exibir também uma série de depoimentos gravados por descendentes de árabes e outras pessoas ligadas à comunidade. Há um vídeo do ex-presidente Michel Temer, filho de migrantes do vilarejo de Btaaboura, por exemplo. O autor deste Orientalíssimo blog também gravou um depoimento sobre sua experiência com os árabes no Brasil. Alguns dos vídeos estarão disponíveis nas redes sociais da Câmara de Comércio.

Vindos principalmente do que são hoje os Estados da Síria e do Líbano, árabes começaram a migrar para o Brasil por volta do ano 1870. Eles deixaram o Império Otomano devido a uma série de fatores, entre eles o colapso da economia da seda e uma praga que devastou plantações de uva. Segundo as estimativas de historiadores, cerca de 150 mil deles chegaram ao Brasil. Fundaram jornais, associações beneficentes, clubes e hospitais. Diversos de seus descendentes — como Paulo Maluf, Fernando Haddad e Guilherme Boulos — foram parar na política.

O dia 25 de março foi oficializado em 2008 como a data dessa comunidade no Brasil. O motivo é óbvio: foi justamente  na rua 25 de Março, no centro de São Paulo, que os sírios e libaneses se concentraram nas primeiras décadas de sua migração. Apesar de o perfil da região ter se alterado com a mudança de algumas famílias para outros bairros e a chegada de migrantes asiáticos, a 25 de Março segue sendo um dos ícones da presença sírio-libanesa no Brasil.

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Fotógrafa brasileira planeja curta-metragem sobre migrante armênia https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/02/04/fotografa-brasileira-planeja-curta-metragem-sobre-migrante-armenia/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/02/04/fotografa-brasileira-planeja-curta-metragem-sobre-migrante-armenia/#respond Thu, 04 Feb 2021 14:23:37 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/Screen-Shot-2021-02-04-at-9.10.51-AM-320x213.png https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5995 A fotógrafa brasileira Tati Boudakian está arrecadando fundos para um curta-metragem sobre a migração armênia para o Brasil. O filme, que mistura formatos de documentário e ficção, vai contar a história da jovem Anushik — que viajou a passeio para o Brasil e decidiu ficar. Ela é hoje professora de armênio em São Paulo, onde existe uma importante comunidade daquele país. O filme deve se chamar “Dehatsí – Eu Era Outro Lugar”. Em armênio, “dehatsí” quer dizer algo como “nativo”.

O curta de Boudakian vai usar a trajetória de Anushik para desfiar uma série de outras histórias. Por exemplo, a do genocídio de armênios no Império Otomano no início do século 20. A Armênia diz que 1,5 milhão de pessoas foram mortas, enquanto a Turquia, herdeira daquele império, fala em entre 300 e 400 mil. Para quem quiser saber mais sobre o genocídio armênio, publiquei uma longa reportagem sobre o tema em 2014. Boudakian é neta de sobreviventes do episódio. “Meus avós fugiram para o Brasil ainda crianças e foram encontrando espaços para se desenvolverem aqui”, escreve na página do projeto. “Eu não os conheci, mas sinto que a cada ano eu me aproximo mais deles.”

Falando de genocídio, da migração histórica e da chegada mais recente de gente como Anushik, Boudakian espera construir uma ponte entre a Armênia e São Paulo. Uma ponte que fala de língua, identidade e cultura. “É um filme sobre a Armênia, sobre São Paulo, sobre migrantes, sobre todos nós”, a fotógrafa escreve na sua página.

A meta de Boudakian é arrecadar R$ 30 mil para financiar o projeto. Para cada real arrecadado, outro será doado para as vítimas dos confrontos recentes entre Armênia e Azerbaijão na região de Nagorno-Karabach. A doação é feita pela União Geral Armênia de Beneficência, uma entidade internacional sem fins lucrativos no Brasil desde 1964.

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Câmara de comércio faz live sobre a influência árabe na MPB https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/11/24/camara-de-comercio-faz-live-sobre-a-influencia-arabe-na-mpb/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/11/24/camara-de-comercio-faz-live-sobre-a-influencia-arabe-na-mpb/#respond Tue, 24 Nov 2020 17:53:55 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/Jandira-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5882 A Câmara de Comércio Árabe Brasileira realiza nesta quinta-feira (26) uma live sobre a influência árabe na música brasileira. Segundo a Agência de Notícias Brasil-Árabe, o evento contará com a participação do músico Valtinho Cayuella, que interpretará canções da MPB como “O Bêbado e o Equilibrista” e marchinhas de Carnaval como “Alalaô”.

O evento ocorre em parceria com a embaixada do Brasil no Líbano e o Centro Cultural Brasil-Líbano. A live será transmitida em inglês às 14h do horário de Brasília pela página do Centro Cultural Brasil-Líbano.

A apresentação será de Silvia Antibas, diretora cultural da Câmara Árabe e pesquisadora da migração sírio-libanesa para o Brasil. Como este Orientalíssimo blog noticiou em maio deste ano, Antibas recebeu o Prêmio Unesco Sharjah de Cultura Árabe. Ela falará, segundo a agência de notícias, sobre a chegada de canções e orações em árabe com os povos da península Ibérica e os escravos muçulmanos que foram trazidos à força da África. Antibas também explicará qual foi a contribuição dos migrantes sírios e libaneses que deixaram o Império Otomano a partir do final do século 19 e rumaram para o Brasil.

Diversos dos migrantes sírios e libaneses e seus descendentes, aliás, participaram diretamente da produção musical no Brasil. Um dos pioneiros foi Nagib Hankach, que migrou da cidade libanesa de Zahle em 1922 e viveu no Brasil por décadas antes de retornar a sua terra natal. Quando voltou ao Líbano, foi um dos responsáveis pela eclosão do que foi chamado de Era de Ouro da canção libanesa. Na diáspora, Hankach cantava, por exemplo, em clubes sociais árabes. É famosa, em especial, sua canção satírica Kossat Machaal El Kache, sobre um mascate em busca de uma mulher. Entre os descendentes, há nomes como o de Fagner e de Ricardo Feghali, da banda Roupa Nova — de que fez parte sua irmã, a deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ). Ricardo e Jandira são sobrinhos de Sabah, uma das divas da música libanesa.

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Show com Fagner e Fernanda Montenegro coleta fundos para Beirute https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/09/17/show-com-fagner-e-fernanda-montenegro-coleta-fundos-para-beirute/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/09/17/show-com-fagner-e-fernanda-montenegro-coleta-fundos-para-beirute/#respond Thu, 17 Sep 2020 15:20:31 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/Beirut-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5735 Artistas brasileiros e libaneses cantam, neste domingo (20), em um espetáculo para angariar fundos para as vítimas do desastre que recentemente atingiu Beirute. A cidade mediterrânea foi devastada, em 4 de agosto, por uma explosão que deixou ao menos 200 mortos.

O programa “Abraço em Beirute” inclui, entre outros, os brasileiros Lenine, Fagner, Frejat e Claudia Leitte e a libanesa Jahida Wehbe — que vai cantar uma versão em árabe e português do “Samba em Prelúdio” de Vinicius de Moraes e Baden Powell. Artistas como Fernanda Montenegro, Drica Morais e Maria Alice Mansur vão ler trechos dos escritos do libanês Gibran Khalil Gibran, o autor de “O Profeta”.

Segundo a Anba (Agência de Notícias Brasil – Árabe), as apresentações foram gravadas individualmente, com arranjos do maestro brasileiro de origem libanesa Tim Rescala, e serão somadas ao som da Orquestra Sinfônica de Beirute, com regência de Harout Fazlian. A direção artística do show é de Rescala e do músico brasileiro Ricardo Feghali, irmão da parlamentar Jandira Feghali. Ricardo e Jandira, aliás, são sobrinhos da famosíssima diva libanesa Sabah, morta em 2014.

A TV Cultura faz a transmissão às 15h de Brasília. No Líbano, o show vai ao ar pela emissora LBCI às 21h de Beirute. O evento tem apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, da Câmara de Comércio Líbano-Brasileira do Rio de Janeiro, da Liga Libanesa, e da Federação das Entidades Libanês-Brasileiras do Estado do Rio de Janeiro. As doações serão recolhidas durante o show. Os espectadores terão que escanear um código QR na tela da TV usando a câmera de seus celulares.

O show é uma iniciativa do Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro. O cônsul Alejandro Bitar disse em entrevista à Anba que ele começou a organizar o evento uma semana depois da explosão. Ele disse também que os artistas brasileiros não cobraram por suas performances. “Eu sei que o Brasil vive uma situação difícil também, mas o Brasil é um país grande, com muitos recursos naturais e capacidade, e o Líbano precisa de ajuda”, Bitar afirmou à agência.

O Brasil e o Líbano têm laços estreitos desde que, no final do século 19, libaneses começaram a chegar ao porto de Santos, vindos do que era então o Império Otomano. Historiadores estimam que cerca de 150 mil pessoas fizeram esse percurso, dando origem a uma importante comunidade libanesa — possivelmente a mais numerosa do mundo. Libaneses e seus descendentes tiveram destaque no Brasil em ramos como a literatura, caso de Milton Hatoum e Raduan Nassar, e também a política, caso de Michel Temer, Paulo Maluf e Fernando Haddad.

 

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Após explosão de Beirute, centenário do Grande Líbano é marcado por pessimismo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/28/apos-explosao-de-beirute-centenario-do-grande-libano-e-marcado-por-pessimismo/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/28/apos-explosao-de-beirute-centenario-do-grande-libano-e-marcado-por-pessimismo/#respond Fri, 28 Aug 2020 15:52:03 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/GrandeLIbano-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5689 Esta terça-feira (1º) marca o centenário da proclamação do Estado do Grande Líbano, o antecessor histórico da atual República Libanesa. Parte da população, no entanto, enxerga poucas razões para celebrar a data. Esse aniversário, afinal, chega menos de um mês depois da explosão de 4 de agosto no porto de Beirute, que deixou 180 mortos, 6.000 feridos e devastou uma parte extensa da cidade mediterrânea.

Para muitos, a explosão no porto é mais uma das consequências da maneira com que o Estado foi criado em 1º de setembro de 1920. O Império Otomano havia sido derrotado na Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) e, como consequência, seu território foi desmembrado e distribuído entre potências europeias. A França tomou o controle do que são hoje a Síria e o Líbano. O Grande Líbano, criado em 1920, virou a República Libanesa em 1926. O Líbano declarou a sua independência em 1943 e as tropas francesas finalmente recuaram dali em 1946.

Com um impressionante material histórico, a Reuters destrinchou essa história no vídeo abaixo. O áudio e as legendas estão apenas em inglês.

 

Uma das principais críticas a como o Líbano foi criado nos anos 1920 é o fato de que o país foi recortado dentro do que era até então a região da Grande Síria. Havia precedentes históricos — o Monte Líbano, por exemplo, tinha alguma autonomia nas últimas décadas do Império Otomano. Mas as fronteiras foram traçadas pela França de modo a satisfazer suas próprias ambições coloniais, tentando fazer com que o Líbano fosse um enclave cristão no Oriente Médio. Assim, parte da população cristã celebrou a declaração do Grande Líbano em 1920, enquanto muçulmanos ressentiram ter sido separados do que se tornaram a Síria e a Palestina. “As pessoas foram dormir um dia pensando que eram sírios ou otomanos e acordaram no dia seguinte e se viram em um Estado libanês”, afirmou à Reuters Salah Tizani.

O Líbano foi organizado, em seguida, em um sistema político confessional. Isso significa que cada grupo religioso ganhou direitos políticos específicos. Por exemplo, o presidente é sempre um cristão maronita, enquanto o premiê é muçulmano sunita e o líder do Parlamento é muçulmano xiita. Essa separação levou a frequentes embates no país, abrindo espaço para a guerra civil travada de 1975 a 1990, que deixou cerca de 150 mil mortos e 17 mil desaparecidos.

O Estado criado em 1920 foi cimentado de maneira a permitir a corrupção de sua liderança política e o sectarismo. Segundo as avaliações preliminares, o descaso das autoridades está relacionado a como nitrato de amônio foi armazenado de maneira perigosa no porto de Beirute — resultando na explosão em agosto.

“Você vive entre uma guerra e outra, e você reconstrói e então tudo é destruído e você reconstrói mais uma vez”, disse à agência Reuters o diretor de teatro Nidal al-Achkar. “É por isso que perdi a esperança.”

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