Orientalíssimo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br por Diogo Bercito Tue, 30 Nov 2021 20:49:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Por atritos políticos, árabes celebram ramadã em diferentes datas https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/04/por-atritos-politicos-arabes-celebram-ramada-em-diferentes-datas/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/04/por-atritos-politicos-arabes-celebram-ramada-em-diferentes-datas/#respond Tue, 04 Jun 2019 15:41:06 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/akurat_20190524015633_1deU9Y-e1559662390354-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=4697 O calendário do ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos, envolve todo os anos uma certa pitada de política. O período de jejum — se você não se lembra do que é o ramadã, releia este guia que escrevi há alguns anos — termina em uma suntuosa celebração conhecida como Eid al-Fitr. Mas a data é variável, pois depende da aparição da lua nova nos céus. Cada país decide quando está na hora de comemorar, uma decisão que frequentemente segue os seus alinhamentos políticos.

Apesar de a política estar sempre presente, ela parece vir em dose extra neste ano, como sugere um texto da agência de notícias Associated Press. A Arábia Saudita celebra o festival já nesta terça-feira (4), ao lado de Kuait, Qatar e Emirados Árabes Unidos. Do outro lado do espectro, Egito, Síria, Jordânia e Palestina anunciaram que vão esperar até a quarta-feira (5), por não terem visto a lua nova em seus territórios. No passado, jordanianos e palestinos seguiram o calendário saudita, algo com que parecem ter rompido agora, causando certo desconforto.

Segundo a agência de notícias, o Eid al-Fitr já tinha sido anunciado na faixa de Gaza, mas foi adiado após as autoridades religiosas em Jerusalém decidirem outra data. A notícia foi recebida com algum protesto no território palestino — afinal, além do significado religioso, o fim do ramadã também significa romper o jejum de um mês.

A situação é ainda mais delicada no Sudão, dividido politicamente desde a derrocada do ditador Omar al-Bashir em abril passado. O regime militar de transição anunciou que o Eid al-Fitr começa na quarta-feira, mas os manifestantes disseram que vão celebrar na terça.

Algo semelhante aconteceu no Iêmen, um país em guerra civil após a onda de protestos de 2011. O governo reconhecido internacionalmente vai comemorar na terça-feira. Os rebeldes xiitas da facção Huthi, no entanto, vão esperar até o dia seguinte. A Associated Press diz que é a primeira vez na história moderna do país em que o Eid é dividido.

Essa situação se repete no restante da região. Sunitas e xiitas — ramos do islã — celebram em datas diferentes no Líbano e no Iraque, por exemplo. Na rede social Twitter, o analista Haizam Amirah-Fernández resumiu o cenário na mensagem abaixo, em espanhol. O fim do ramadã não depende da lua nova, ele escreveu, e sim da política.

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Família real da Jordânia e um primo do ditador sírio Assad são citados pelos Paradise Papers https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/11/08/familia-real-da-jordania-e-um-primo-do-ditador-sirio-assad-sao-citados-pelos-paradise-papers/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/11/08/familia-real-da-jordania-e-um-primo-do-ditador-sirio-assad-sao-citados-pelos-paradise-papers/#respond Wed, 08 Nov 2017 09:02:50 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/Noor-e1510131367338-180x72.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3021 Um novo vazamento de informações financeiras, desta vez apelidado “Paradise Papers”, associou figuras como a rainha Elizabeth, Madonna e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a paraísos fiscais — territórios com vantagens fiscais e protegidos por sigilo, descritos pelo colunista da Folha Clóvis Rossi como “um sistema que é uma imensa falha tectônica no capitalismo”.

O vazamento afetou também personalidades do mundo árabe. O site “New Arab” compilou a lista de alguns deles nesta terça-feira (7). O nome que imediatamente se destaca é o da rainha-mãe da Jordânia, Noor. Nascida nos EUA e casada com o rei Hussein, ela é madrasta do atual monarca, o rei Abdullah. Noor foi relacionada pelos “Paradise Papers” a dois fundos registrados em Jersey.

Também aparece no vazamento o nome de Rami Makhlouf, primo do ditador da Síria, Bashar al-Assad. Ele é relacionado a quatro empresas libanesas criadas entre 2001 e 2003 — a Síria ocupava o Líbano até 2005. Segundo o “New Arab”, Makhlouf já foi considerado “garoto propaganda da corrupção” na correspondência diplomática americana e foi alvo de sanções econômicas.

Outra personalidade pública árabe afetada pelos “Paradise Papers” é o príncipe saudita Khaled bin Sultan bin Abdulaziz Al Saud, ex-vice-ministro da Defesa. Suas informações financeiras descritas pelo vazamento remontam a 1989, com o registro de ao menos oito empresas em Bermudas. Ele teria usado as empresas para registrar seus iates. Uma das embarcações, o Golden Odyssey, tem 123 metros de comprimento, ou seja, é um pouco mais longo do que um estádio de futebol.

Príncipe saudita Khalid bin Sultan bin Abdul Aziz Al Saud Crédito Andrea Comas/Reuters

Não é ilegal manter empresas “offshore”. Dessa maneira, ter seu nome associado a elas não significa ter cometido nenhuma irregularidade. Mas essas firmas podem ser utilizadas para crimes como sonegação de imposto, ocultação de patrimônio e evasão de divisas. A existência desses paraísos também deixa evidente a facilidade dos mais ricos em evitar pagar impostos.

O jornal americano “New York Times” sugere que essa seja uma das explicações para o alargamento do abismo entre os ricos e os pobres no mundo: durante os últimos anos, as fortunas dos bilionários cresceu em média 8% ao ano, enquanto a riqueza global cresceu apenas 3%.

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Banda indie jordaniana El-Morabba3 conquista público com rock eletrônico – assista a 3 vídeos https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/06/26/banda-indie-jordaniana-el-morabba3-conquista-publico-com-rock-eletronico-assista-a-3-videos/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/06/26/banda-indie-jordaniana-el-morabba3-conquista-publico-com-rock-eletronico-assista-a-3-videos/#respond Mon, 26 Jun 2017 17:10:39 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/Muraba-180x81.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2831 O site egípcio Mada Masr fez uma ótima recomendação musical neste final de semana: a banda indie jordaniana de rock eletrônico El-Morabba3. O grupo, cujo nome em árabe significa algo como “o quadrado”, foi formado em 2008 e já lançou dois álbuns. Em abril sua canção “Abaad Shwaii 1” ganhou o prêmio de melhor produção independente durante o Arab Nation Music Awards.

O primeiro trabalho do El-Morabba3 levava o nome da banda e foi marcado por sua mensagem política. O ano era 2012 e países como Egito e Tunísia haviam derrubado seus governos, no que foi chamado de Primavera Árabe. Não estava evidente àquela altura que as revoltas levariam a violentos conflitos civis ainda em andamento em países como Líbia, Síria, Iêmen e Iraque. O novo álbum, lançado no ano passado, se chama “Taraf El-Khayt” — menos político e mais experimental.

A crítica de Ahmed El Sabbagh no Mada Masr descreve a banda assim:

El-Morabba3 mistura um crescente gosto por indie-rock e synth-pop com sons mais eletrônicos e máquinas de percussão. Violões e guitarras eram seus principais instrumentos no primeiro álbum, mas as melhores canções no segundo disco deixam o violão de lado, abrindo espaço para seus serpenteantes sons sintéticos.

Veja abaixo três clipes da banda:

EL MOKHTALIFEEN
O figurino e maquiagem são especialmente impactantes nesta canção que diz, em determinado trecho: “Onde estão vocês? Onde eu estou? Onde estão todos aqueles que são diferentes?”

YA ZEIN
Versão acústica. A letra diz: Ó Zein, me conte tudo que você guarda dentro de você e de que você não fala. O que eu não quero é que você me controle. O que não quero é que eles controlem você.”

HADA TANI
A canção, também em versão acústica, diz: “Você quer esta vida, e as pessoas estão morrendo. Quer um carro grande, e todo o mundo está feliz. Seu carro não cabe na rua da casa da sua família.”

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