Orientalíssimo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br por Diogo Bercito Tue, 30 Nov 2021 20:49:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Rede social Clubhouse serve de válvula de escape no Oriente Médio https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/11/rede-social-clubhouse-serve-de-valvula-de-escape-no-oriente-medio/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/11/rede-social-clubhouse-serve-de-valvula-de-escape-no-oriente-medio/#respond Thu, 11 Mar 2021 15:48:25 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/Clubhouse2-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6044 Na manhã desta quinta-feira (11), usuários da rede social Clubhouse conversavam em árabe sobre o que bem entendiam. Em uma sala bastante popular, por exemplo, médicos respondiam a perguntas sobre a vacina contra a Covid-19. Em outra, cinéfilos fofocavam sobre os bastidores da telona. Também havia um grupo de pessoas analisando os sonhos umas das outras. E uma sala com o título “o que você vai fazer neste final de semana”, para jogar conversa fora mesmo. Esses são exemplos pontuais da explosão de diálogo acontecendo — por enquanto no subterrâneo — nessa recém-nascida rede social.

O Clubhouse é um aplicativo de conversas em áudio, em geral entre desconhecidos. Você seleciona uma sala, entra e começa a ouvir, quiçá também falar, sobre o assunto que escolher. Pode parecer trivial, em sociedades com liberdade de expressão e poucos tabus. Em partes do Oriente Médio, no entanto, essa rede social tem servido de válvula de escape. Na conservadora e repressiva Arábia Saudita, o Clubhouse chegou ao topo da lista de aplicativos sociais da loja da Apple. No Egito, há salas com mais de 2.000 participantes. Na Turquia, onde se fala turco, ativistas usaram essa rede em como ferramenta de protesto.

Segundo uma reportagem recente do Washington Post, a diáspora síria — espalhada pelo mundo devido à guerra civil que assola o país desde 2011 — tem usado o Clubhouse para reviver suas tradicionais conversas matutinas. Nessa rede social, eles contam piadas, pedem dicas de onde comprar comida levantina nos seus novos países e falam também sobre como o regime sírio devastou partes do país nestes últimos anos.

Um dos grandes poréns do Clubhouse, por ora, é o fato de que o aplicativo só funciona no sistema iOS, excluindo quem não tem dinheiro para comprar um iPhone — em partes do Oriente Médio, a imensa maioria da população. Como lembra o Post, a acessibilidade é afetada também pelos cortes diários de eletricidade e internet.

Há um problema ainda maior, no entanto. A conversa sem filtro, por vezes de tom político, parece já incomodar os governos autoritários da região. Usuários reclamam do funcionamento do aplicativo nos Emirados Árabes, por exemplo. A imprensa egípcia já acusa o Clubhouse de apoio a células terroristas, típica acusação feita a quem discorda do regime. Um artigo no site Middle East Eye insiste em que a pergunta não é “se” as ditaduras vão começar a monitorar essas conversas, mas “quando”. Esses governos se lembram, afinal, do papel que redes como o Facebook e o Twitter tiveram em mobilizar os protestos de 2011, que derrubaram regimes autoritários na região.

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Há aceno à paz no Oriente Médio, mas questão palestina segue aberta https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/09/07/ha-aceno-a-paz-no-oriente-medio-mas-questao-palestina-segue-aberta/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/09/07/ha-aceno-a-paz-no-oriente-medio-mas-questao-palestina-segue-aberta/#respond Mon, 07 Sep 2020 15:21:26 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/IsraelUAE-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5708 O cientista político André Lajst recentemente publicou um texto na Folha afirmando que Israel e os países árabes têm se esforçado para trazer a paz ao Oriente Médio. Enquanto isso, escreveu, “radicais presos a uma ideologia fundamentalista seguem na contramão”.

Lajst dá um exemplo de esforços pela paz: a normalização das relações entre Israel e os Emirados Árabes, culminando em um voo inaugural entre Tel Aviv e Abu Dhabi. O exemplo de radicais na contramão, para ele, é a facção palestina Hamas. Apesar de Israel e Hamas terem entrado em acordo para encerrar as hostilidades na fronteira da faixa de Gaza, Lajst escreve, o Hamas deve romper o trato e voltar a atacar civis israelenses. Em resposta, Israel deve bombardear aquela faixa.

Este Orientalíssimo blog, no entanto, não tem tanto otimismo quanto às perspectivas da paz na região. Lajst fala em um momento positivo, com a possível normalização das relações entre Israel e outros países árabes. Esse pode ser um importante passo para amenizar as tensões, sim — mas dificilmente trará uma paz duradoura nesses arredores.

A paz, afinal, depende da resolução do conflito que segue cravado na política médio-oriental: aquele entre israelenses e palestinos. É uma questão que inflama os dois lados há décadas. Questões fundamentais seguem sem desenlace. Entre elas, o retorno de milhões de refugiados palestinos, o fim da ocupação israelense na Cisjordânia, o futuro da cidade de Jerusalém e o desmonte do cerco israelense à faixa de Gaza. São questões que o Hamas utiliza para justificar suas ações terroristas. São também questões que regimes regionais usam para se legitimizar, como a Síria, projetando-se como defensores da causa palestina.

A normalização das relações entre Israel e os Emirados — e quiçá entre Israel e outros países árabes, como o Bahrein, no futuro próximo — não resolve esses pontos de atrito. Em vez disso, mira em outros alvos, incluindo o turismo e o comércio. Alvos, aliás, difíceis de atingir. Vale lembrar que, apesar de toda a euforia quanto ao acordo de paz entre Israel e Egito nos anos 1970, as relações entre os países seguem secas. As populações dos dois países continuam hostis umas às outras.

Como o Council on Foreign Relations lembrou há algumas semanas, quando o acordo Israel-Emirados foi anunciado, Israel tem demonstrado pouco interesse em negociar com os palestinos. Tem, na verdade, fortalecido sua posição na Cisjordânia, apesar da crítica da comunidade internacional. Erode, com isso, a possibilidade de haver um estado palestino em territórios contíguos. Os Estados Unidos, que mediaram o acordo, tampouco dão passos em direção à paz — transferiram sua embaixada para Jerusalém, cortaram auxílio financeiro aos palestinos e patrocinaram uma proposta de paz na região que não contempla as aspirações palestinas. Assim, Israel e Estados Unidos caminham de certa maneira também na contramão.

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Emirado árabe lança festival literário virtual durante a pandemia https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/04/17/emirado-arabe-lanca-festival-literario-virtual-durante-a-pandemia/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/04/17/emirado-arabe-lanca-festival-literario-virtual-durante-a-pandemia/#respond Fri, 17 Apr 2020 12:44:24 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/Sharja.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5306 Em meio à pandemia do coronavírus, que tem forçado populações ao redor do mundo a ficar em casa, o emirado árabe de Sharjah inaugura em 27 de maio o primeiro festival literário virtual da região. O evento vai até 5 de junho. A programação ainda não foi divulgada, mas deve incluir conversas online com autores e oficinas. “É uma oportunidade ideal para a comunidade literária reforçar como, apesar das distâncias físicas, a cultura nos une”, disse o organizador Ahmed bin Rakkad Al Ameri, segundo uma nota da Anba (Agência de Notícias Brasil-Árabe).

Sharjah — um dos estados que compõem os Emirados Árabes Unidos — organiza desde 1982 a sua Feira Internacional do Livro. É um dos principais eventos literários do mundo de fala árabe. A edição deste ano está prevista para novembro. Isso é, se até essa data as medidas de isolamento tiverem sido canceladas. Assim, o festival virtual serve de lembrete dos investimentos feitos pelo emirado na área da cultura.

A literatura é uma das maneiras encontradas por esse pequeno estado para se projetar e influenciar a região. O emirado de Sharjah não disputa sozinho esse território, porém. O emirado de Abu Dhabi, por exemplo, organiza um influente prêmio anual de literatura árabe — entregue nesta semana ao argelino Abdelouahab Aissaoui pelo romance “A Corte Espartana”. Ele recebeu US$ 50 mil (mais de R$ 250 mil) e, como resultado do troféu, a obra deve ser traduzida ao inglês. Além de Sharjah e Abu Dhabi, o Qatar também investe no setor cultural. O país premia as melhores traduções do árabe e para o árabe. Em dezembro, a professora da USP Safa Jubran venceu o prêmio.

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Na TV, série histórica cria tensão entre Turquia e países árabes https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/12/04/na-tv-serie-historica-cria-tensao-entre-turquia-e-paises-arabes/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/12/04/na-tv-serie-historica-cria-tensao-entre-turquia-e-paises-arabes/#respond Wed, 04 Dec 2019 15:38:36 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/kingdoms-of-fire-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=4981 Produzida pelos Emirados Árabes com financiamento da Arábia Saudita, a série de TV “Kingdoms of Fire” (reinos de fogo) trata de longínquos acontecimentos do século 16. As reações, no entanto, têm sido bastante contemporâneas. O lançamento da mega-produção de R$ 170 milhões — que deve eventualmente chegar ao catálogo do Netflix — tem tensionado as relações entre Egito, Golfo e Turquia. A direção é do britânico Peter Webber (“Moça com Brinco de Pérola”).

“Kingdoms of Fire” narra a disputa entre o sultão otomano Selim I, baseado em Istambul, e o mameluco Tuman Bay II, baseado no Cairo. Quem leu nas entrelinhas, porém, enxergou bastantes outras questões na telinha. Uma das maneiras de entender a série é por meio do que tem acontecido nestes últimos anos no Oriente Médio.

As relações entre a Turquia e o Egito, por exemplo, foram prejudicadas pelo apoio dado pelo governo turco ao ex-presidente egípcio Mohamed Mursi, um islamita deposto por um golpe militar em 2013. Daí a análise contemporânea da briga entre Selim e Tuman, que é de certa forma projetada nos governantes atuais — a série parece acenar à disputa entre o turco Recep Tayyip Erdogan e o egípcio Abdel Fattah al-Sisi.

A série também pode expressar as recentes desavenças entre a Turquia e a Arábia Saudita, que exibe o show em seu canal MBC. A Turquia acusa a Arábia Saudita de ter mandado matar, no ano passado, o jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado daquele país em Istambul. Khashoggi era um duro crítico à monarquia saudita.

De maneira mais geral, “Reinos de Fogo” incomoda também por representar o Império Otomano como uma potência subjugando países árabes. Foi assim que o produtor Yasir Harib se referiu à série, dizendo que o enredo tratava da disputa entre Tuman Bay e o “ocupador otomano Selim I no Cairo”. A palavra “ocupador” que machucou.

Há um debate entre historiadores sobre como tratar da presença otomana no Oriente Médio, encerrada apenas com a queda do Império Otomano depois da Primeira Guerra (1914-1918). Eram realmente uma presença ilegítima? Realmente reprimiram os árabes? Respondendo que “sim”, egípcios têm pedido que o governo remova o nome de otomanos de ruas do Cairo — em especial, o nome de Selim I.

Comentando a série, o político turco Yasin Aktay discordou dessa visão e escreveu que “havia pessoas entre os árabes que eram leais até a morte ao califado [otomano] e que lutaram ao lado dos turcos”. “Diversas campanhas foram usadas para romper os laços entre árabes e turcos e semear o ódio entre essas duas nações”, segundo Aktay.

A série “Reinos de Fogo”, que começou em 17 de novembro, terá 15 episódios. Por ora, é possível assistir gratuitamente por meio do site da emissora MBC. O áudio é em árabe, mas há legendas em inglês.

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Nos Emirados Árabes, fotógrafo clica imperfeições do corpo humano https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/08/05/nos-emirados-arabes-fotografo-clica-imperfeicoes-do-corpo-humano/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/08/05/nos-emirados-arabes-fotografo-clica-imperfeicoes-do-corpo-humano/#respond Mon, 05 Aug 2019 18:11:55 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/Rock1-e1565028056853-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=4794 Os modelos de Waleed Shah, um fotógrafo nos Emirados Árabes Unidos, não são como aqueles que você vê todos os dias nas revistas de moda ou no Instagram dos amigos. Uma das mulheres que ele fotografou, por exemplo, mostra um braço queimado. Uma outra exibe as costas manchadas. Há também uma terceira que revela, sem pudor, a barriga — fora do padrão seco, trincado, vendido às mulheres.

É justamente a proposta do “Rock Your Ugly”, com que Shah tem ganhado notoriedade na região. Além de fotografar as imperfeições no corpo de diferentes pessoas, conversa com elas sobre suas inseguranças. O trabalho se parece, no final do processo, com terapia.

O fotógrafo conta em seu site que a ideia veio depois de ele lidar com o próprio corpo. Estava acima do peso e sua mulher lhe apelidou de Pablo Escobar, em referência ao traficante e sua barriga. “Decidi ouvir a dor de outras pessoas e compartilhar a minha”, Shah explica.

Uma das histórias contadas pelo projeto de Shah é a de Yasmin Mebar, que tem as costas manchadas devido a uma infecção por fungos. Ela brinca que carrega o mapa-mundi consigo, no corpo. Mebar conta, ademais, que demorou para aceitar sua condição. “Quando tinha 24 anos eu senti que estava lutando contra algo que estaria comigo para sempre e sobre a qual eu não podia fazer nada. Então pensei, ‘Preciso começar a aprender um jeito de amar essa tal parte feia de mim’.”

Anushka Abraham, com cortes na pele. Crédito Reprodução
Yasmin Mebar, com uma mancha nas costas. Crédito Reprodução
Lotus Habbab, com uma queimadura. Crédito Reprodução
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Artistas brasileiros participam da Art Dubai, nos Emirados Árabes https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/03/06/artistas-brasileiros-participam-da-art-dubai-nos-emirados-arabes/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/03/06/artistas-brasileiros-participam-da-art-dubai-nos-emirados-arabes/#respond Thu, 07 Mar 2019 00:28:14 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/Mendes-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=4510 Cinco artistas brasileiros participarão da feira Art Dubai, nos Emirados Árabes, como residentes. Segundo a Anba (Agência de Notícias Brasil-Árabe), eles passarão entre quatro e oito semanas naquele principado para produzir as obras que serão exibidas durante o evento, de 20 a 23 de março. Há outros oito artistas latino-americanos no mesmo projeto, incluindo representantes da Argentina, de Cuba e também do Uruguai.

Os brasileiros são Flora Rebollo, Luiz Roque, Alexandre da Cunha e Laura Lima. A curadoria do projeto será feita pela brasileira Fernanda Brenner e pela emirati Munira Al Sayegh. O brasileiro Marcelo Moscheta, que não participa da residência em si, exibirá sua pintura “A Grande Árvore” durante a feira — um dos eventos de referência para a arte no Oriente Médio. Ao todo, 90 galerias participam da Art Dubai, incluindo as brasileiras Galeria Vermelho, Gentil Carioca, Casa Triângulo, Mendes Wood DM, Galeria Pilar e Galeria Luisa Strina.

Segundo a página da feira, o programa de residência, neste ano voltado à America Latina, “encoraja artistas à imersão na cena local de arte para criar uma obra que mescle sua prática artística distinta com seus arredores”. A participação ocorre apenas mediante convite do evento.

 

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Antologia de 12 autores brasileiros será publicada em árabe em 2019 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/06/antologia-de-12-autores-brasileiros-sera-publicada-em-arabe-em-2019/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/06/antologia-de-12-autores-brasileiros-sera-publicada-em-arabe-em-2019/#respond Tue, 06 Nov 2018 15:43:36 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/Maluf-e1541518410899-320x213.jpeg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=4201 Estas semanas não têm tido notícias muito animadoras sobre as relações entre o Brasil e os países de cultura árabe. Com o anúncio do presidente eleito Jair Bolsonaro de que vai transferir a embaixada brasileira a Jerusalém, reconhecendo na prática aquela cidade como capital israelense, o Egito decidiu cancelar a visita de uma delegação brasileira. A facção palestina Hamas, considerada uma organização terrorista por Israel e Estados Unidos, também criticou o Brasil.

Há em paralelo, no entanto, uma notícia bastante alentadora: uma antologia de 12 autores brasileiros será traduzida à língua árabe e publicada nos Emirados Árabes Unidos no ano que vem. A coleção vai incluir escritores como Milton Hatoum, Raduan Nassar e Marcelo Maluf. A tradução será feita pelos professores da USP Mamede Jarouche e Safa Jubran, que têm trazido ao português obras fundamentais da língua árabe, como “As Mil e Uma Noites” e “Yalo”.

O escritor Milton Hatoum, de origem libanesa. Crédito Fernanda Preto

Segundo a notícia da agência Anba, o projeto é capitaneado pela Revista Pessoa em parceria com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira e com o projeto de tradução Kalima, vinculado ao Departamento de Cultura e Turismo do emirado de Abu Dhabi. A organização é de Leonardo Tonus, da Universidade Sorbonne.

A informação também circulou pela imprensa árabe. O jornal The National, dos Emirados Árabes, deu destaque ao fato de que há milhões de árabes vivendo hoje no Brasil — o governo brasileiro diz, por exemplo, que há 7 milhões de libaneses e descendentes no país, incluindo o presidente Michel Temer e o ex-prefeito Fernando Haddad. “Há curiosidade sobre como a diáspora árabe vive no exterior”, o editor Saeed Al Tunaiji disse àquele jornal. “Existe um interesse na maneira com que eles veem o mundo, em como eles mantém a sua cultura.”

Essa iniciativa não é isolada. O emirado de Sharjah foi o convidado de honra da Bienal do Livro de São Paulo de 2018, distribuindo livros de autores locais em tradução ao português. Há também relatos de que editoras árabes têm se aproximado de suas contrapartes brasileiras em outros festivais de literatura, como o de Frankfurt, na Alemanha.

O fomento à literatura, ademais, é uma prioridade cultural do emirado de Abu Dhabi, que organiza anualmente um troféu internacional de literatura árabe — premiando autores com traduções ao inglês.

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Professores brasileiros concorrem a prêmio de US$ 1 milhão nos Emirados https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/01/29/por-projetos-pedagogicos-professores-brasileiros-concorrem-a-premio-de-us-1-milhao-nos-emirados/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/01/29/por-projetos-pedagogicos-professores-brasileiros-concorrem-a-premio-de-us-1-milhao-nos-emirados/#respond Mon, 29 Jan 2018 15:54:57 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/Premio2017-e1517240642524-180x68.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3282 Os professores brasileiros Rubens Ferronato e Diego Mahfouz Faria Lima são finalistas do Global Teacher Prize, que premia contribuições excepcionais no campo da educação. O troféu, com o apoio do premiê dos Emirados Árabes, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, será entregue em 18 de março em Dubai — com o aporte de US$ 1 milhão, equivalente a R$ 3,1 milhões. A informação é da Anba, a Agência de Notícias Brasil-Árabe. São no total 50 finalistas, incluindo os brasileiros.

Ferronato desenvolveu em 2000 um material pedagógico para ensinar matemática a alunos com deficiência visual. O Multiplano –uma placa perfurada com pinos de plástico e hastes– permite ensinar até 108 conceitos. O material é utilizado na Escola Estadual Dom Pedro 2°, em Curitiba. Há planos de adaptar essa placa a outras línguas e implementá-la em dezenas de países.

Multiplano, material didático utilizado para ensinar alunos com deficiência visual. Crédito Divulgação

Segundo o site do prêmio:

Quando Rubens teve um aluno deficiente visual em sua sala, descobriu que os métodos tradicionais de ensino não funcionavam. Ensinou, então, descrevendo a informação. Quando teve de ensinar tabelas e gráficos, não encontrou nada que pudesse ajudá-lo, até que viu uma placa perfurada: visualizou um plano cartesiano e simplesmente adicionou rebites e elásticos. O aluno lhe disse: “Você não inventou um material didático só para mim, e sim para todos os alunos com deficiência visual no mundo”. O Multiplano inventado por Rubens é utilizado em mais de 200 escolas em todo o Brasil.

Já Faria Lima foi indicado devido ao seu trabalho na Escola Municipal Darcy Ribeiro, em São José do Rio Preto (SP). O colégio, outrora conhecido pela evasão de estudantes, tornou-se referência na região, segundo a Anba. Com a chegada de Faria Lima em 2014, a evasão de alunos foi de 200 para 2 em só um ano. A estratégia inclui projetos extra-curriculares e atividades aos finais de semana. A página da BBC Brasil publicou neste mês quatro sugestões de Faria Lima para a educação.

Diego Mahfouz Faria Lima, indicado a prêmio nos Emirados Árabes. Crédito Arquivo Pessoal

Segundo o site do prêmio:

Quando Diego chegou à escola, pais tinham medo de matricular suas crianças e a rotatividade de professores eram altas. Educadores puniam em vez de recompensar os estudantes. Diego mudou a escola ao envolver alunos, pais, professores, funcionários e comunidade. Ele implementou uma série de projetos para melhorar a escola. Um sistema de carteirinha de estudantes reduziu as faltas. A abertura da biblioteca à comunidade, atraindo doações de toda a cidade, melhorou a leitura dos estudantes. Hoje os alunos sentem que têm uma voz e a maior parte dos pais participa das reuniões. A escola tem o seu lugar na comunidade e todos sabem que são bem-vindos.

O Global Teacher Prize, organizado pela Funcação Varkey, premiou em 2015 a americana Nancie Atwell. A palestina Hanan Al Hroub venceu no ano seguinte e, em 2017, venceu a canadense Maggie MacDonnell –quando também foi finalista o brasileiro Wemerson Nogueira.

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