Orientalíssimo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br por Diogo Bercito Tue, 30 Nov 2021 20:49:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 No fim do ano, instituições oferecem cursos sobre o Oriente Médio https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/no-fim-do-ano-instituicoes-oferecem-cursos-sobre-o-oriente-medio/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/no-fim-do-ano-instituicoes-oferecem-cursos-sobre-o-oriente-medio/#respond Tue, 23 Nov 2021 19:20:37 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Israel-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6359 Nesta semana, o IBI (Instituto Brasil-Israel) oferece uma aula online gratuita sobre as relações entre israelenses e palestinos – um constante tema do noticiário, central ao Oriente Médio contemporâneo. O curso, dado por Tanguy Baghdadi, ocorre na quinta-feira (25) às 19h do horário de Brasília. Baghdadi é professor de relações internacionais do Ibmec, podcaster do Petit Journal e comentarista da Globonews. É preciso se inscrever previamente.

Quem está em busca de mais cursos para este fim de ano pode consultar, também, o calendário do Gepom (Grupo de Estudos e Pesquisa Sobre o Oriente Médio), que sempre tem boas opções. Entre os destaques está o curso de Monique Sochaczewski sobre os judeus do Império Otomano na sexta-feira (27) às 10h. Sochaczewski é cofundadora e pesquisadora sênior do Gepom. Outro destaque é curso de Muna Omran sobre os direitos LGBT em 9 de dezembro às 18h30. Omran é também cofundadora e pesquisadora sênior do Gepom.

Vale a pena ficar de olho, ainda, no Seminário Internacional do Núcleo de Estudos do Oriente Médio da UFF (Universidade Federal Fluminense). A mesa de abertura aconteceu na segunda-feira (22), mas o vídeo segue disponível no YouTube. Participaram Paulo Gabriel Hulu da Rocha Pinto, Paul Amar, Gisele Chagas e John Tofik Karam. Há uma série de outras mesas programadas para estas próximas semanas.

Uma última sugestão é o curso “Pensando a Palestina: direitos humanos e solidariedade internacional”, da rede FFIPP. As aulas começam no dia 4, às 10h. Entre os professores estão o sociólogo palestino Baha Hilo, a bióloga palestina Muna Odeh e o professor da PUC-SP Bruno Huberman. É necessário fazer a inscrição prévia.

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Revista produzida por jornalistas do Oriente Médio celebra um ano https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/10/11/revista-produzida-por-jornalistas-do-oriente-medio-celebra-um-ano/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/10/11/revista-produzida-por-jornalistas-do-oriente-medio-celebra-um-ano/#respond Mon, 11 Oct 2021 14:57:32 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/Screen-Shot-2021-10-11-at-10.50.05-AM-320x213.png https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6327 Árabes, muçulmanos e suas diásporas costumam reclamar – em geral, com toda a razão – da cobertura feita por veículos estrangeiros. Grandes jornais e canais de TV de fora do Oriente Médio têm as suas limitações, incluindo uma longa dificuldade em entender as nuances da região. Existe também um enfoque excessivo em temas como terrorismo e religião, contribuindo à construção de estereótipos.

Nesse contexto, é alegre a celebração do primeiro aniversário da revista New Lines. Produzida em inglês por gente do Oriente Médio ou com excepcional familiaridade com a região, essa publicação tem conseguido trazer complexidade ao debate público. “Profundidade e nuance”, como eles mesmo apregoam no texto de aniversário – além de amplificar as vozes locais, desafiando as narrativas pré-fabricadas.

A equipe inclui nomes de peso como o de Hassan Hassan, especialista em terrorismo e co-autor do best-seller “ISIS: Desvendando o Exército do Terror”. Também faz parte da equipe o jornalista Kareem Shaheen, que foi correspondente do britânico Guardian no Oriente Médio.

A língua inglesa limita, é claro, a audiência da revista. Este Orientalíssimo blog costuma evitar essas sugestões, que não são acessíveis a todos. Mas a consolidação da New Lines é uma boa notícia em si, e o conteúdo vale o esforço da leitura no idioma estrangeiro.

Entre os destaques do primeiro ano da New Lines, compilados pela equipe deles, está uma reportagem sobre o gênero da ficção científica em árabe. A revista também publicou textos relevantes, com furos, como o perfil que Feras Kilani escreveu sobre o novo auto-proclamado califa da organização terrorista Estado Islâmico. Ademais, quem leu o trabalho de Fazelminallah Qazizai no Afeganistão talvez não tenha se surpreendido com o retorno do Talibã no Afeganistão neste ano.

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5 livros para conhecer o Líbano, país que se aproxima de um colapso https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/07/20/5-livros-para-conhecer-o-libano-pais-que-se-aproxima-de-um-colapso/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/07/20/5-livros-para-conhecer-o-libano-pais-que-se-aproxima-de-um-colapso/#respond Tue, 20 Jul 2021 16:31:54 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Libano-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6254 O Líbano vive uma crise sem precedentes. Seu PIB (produto interno bruto) encolheu 20% em 2020 e deve retrair 9,5% neste ano. A libra perdeu mais de 90% de seu valor em relação ao dólar. Mais de metade da população vive abaixo da linha da pobreza. Com tudo isso, o Banco Mundial alertou em junho que o país pode passar por um dos piores colapsos econômicos de todo o mundo desde meados do século 19.

Esse desastre tem passado batido no Brasil, o que é surpreendente. É aqui que vive a maior diáspora libanesa do mundo, estimada em milhões de pessoas. O quibe e a esfiha que comemos diariamente em cidades como São Paulo vieram de lá, assim como as famílias de políticos como Fernando Haddad, Paulo Maluf e Michel Temer.

Para quem quiser conhecer mais sobre o país, este Orientalíssimo blog compila abaixo cinco sugestões de leitura. Se você precisar de uma recomendação específica, fique à vontade para me escrever um email.

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“UMA HISTÓRIA DOS POVOS ÁRABES”, DE ALBERT HOURANI
A primeira sugestão é um livro de base, para um contexto mais geral sobre a história da região. Albert Hourani era um pesquisador britânico-libanês e sua obra é um dos textos de referência para quem está começando a estudar o Oriente Médio. É uma leitura por vezes densa, mas essencial para entender de onde vem o Líbano moderno.

“OS ÁRABES: UMA HISTÓRIA”, DE EUGENE ROGAN
Esta segunda indicação é também para quem precisa de contexto histórico, antes de se debruçar nos detalhes. Eugene Rogan, que foi pupilo de Hourani, narra a história do Oriente Médio desde a chegada dos otomanos no século 16 até hoje. Prestem atenção, em especial, aos trechos sobre o príncipe druso Fakhr al-Din e o protetorado francês.

“OS LIBANESES”, DE MURILO MEIHY
O livro do historiador brasileiro Murilo Meihy é uma excelente porta de entrada para a história libanesa e sua cultura. Meihy escreve para um público amplo, sem jargões. Ele fala, por exemplo, sobre a arte de fumar narguilé — e de xingar. Meihy também toca brevemente nas relações entre Líbano e Brasil, no contexto da migração em massa.

“POBRE NAÇÃO”, DE ROBERT FISK
O premiado (e controverso) jornalista britânico Robert Fisk narra, nesta conhecida obra, a Guerra Civil Libanesa, travada de 1975 a 1990. Fisk foi um dos poucos repórteres a testemunhar aqueles eventos, que moldaram também as histórias dos países vizinhos Israel e Síria. Seu livro é um clássico para conhecer melhor o Líbano contemporâneo.

“A HOUSE OF MANY MANSIONS”, DE KAMAL SALIBI
Esta última sugestão é para quem lê em inglês. O livro do libanês Kamal Salibi é fundamental para conhecer melhor os debates historiográficos a respeito do Líbano — ou seja, como a história do país foi escrita. Salibi analisa uma série de narrativas, como a de que os libaneses são descendentes dos fenícios. Ele fala também do nacionalismo árabe.

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Jornalistas lançam carta criticando cobertura de Israel e Palestina https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/06/10/jornalistas-lancam-carta-criticando-cobertura-de-israel-e-palestina/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/06/10/jornalistas-lancam-carta-criticando-cobertura-de-israel-e-palestina/#respond Thu, 10 Jun 2021 14:56:57 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/Gaza-320x213.jpeg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6190 Dezenas de jornalistas –atuando em veículos como Washington Post, New Yorker e New York Times– publicaram nesta quarta-feira (9) uma carta aberta criticando a cobertura da imprensa americana em Israel e na Palestina. “Temos uma obrigação –que é sagrada– de contar a história da maneira correta. Toda vez em que falhamos em relatar a verdade, falhamos com nosso público, com nossa missão e com o povo palestino”, diz a carta, que foi assinada por dezenas de profissionais.

Uma das críticas mais duras no manifesto é a de que a imprensa não contextualiza de maneira satisfatória as notícias que conta naquela região do mundo. Não deixa claro, diz o texto, o fato de que Israel ocupa militarmente a Cisjordânia desde 1967. Organizações de direitos humanos acusam o país de crimes contra a humanidade, apartheid e supremacia étnica, conceitos que raramente aparecem na mídia.

A carta também critica, nesse sentido, os termos que jornalistas usam na cobertura de eventos em Israel e na Palestina, como no ciclo de violência recente em Jerusalém e na faixa de Gaza. A imprensa repetiu a narrativa israelense de que a crise no bairro palestino de Sheikh Jarrah era uma disputa imobiliária, diz o texto –quando na realidade era uma expulsão forçada de moradores, violando leis internacionais. Outra palavra condenada pelos signatários é “conflito”, porque não evidencia a disparidade de forças entre os atores. Não foi um conflito, dizem, quando as forças israelenses atacaram manifestantes na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém. Foi um ataque.

A publicação da carta faz parte de um contexto mais amplo de revisão das atitudes públicas em relação a Israel e à Palestina. Palestinos têm recorrido às redes sociais para criticar a maneira com que a imprensa conta suas histórias. Políticos de renome e celebridades em todo o mundo têm se posicionado, em uma mudança brusca de atitude.

No tuíte abaixo, uma repórter da Associated Press reforça a excepcionalidade do texto desta semana. “Eu nunca vi uma carta como essa antes”, diz. Em especial, porque os signatários estão cientes do custo pessoal e profissional de colocar seus nomes no manifesto.

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Entenda por que Sheikh Jarrah está no centro da crise em Jerusalém https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/05/10/bairro-palestino-sheikh-jarrah-esta-no-centro-da-crise-em-jerusalem/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/05/10/bairro-palestino-sheikh-jarrah-esta-no-centro-da-crise-em-jerusalem/#respond Mon, 10 May 2021 21:23:06 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/Jerusalem-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6144 O pavio da violência está reaceso em Jerusalém e, ao que parece, pode levar algum tempo para se apagar. Em seu coração, está um pequeno bairro palestino chamado Sheikh Jarrah –quase esquecido nestes últimos dias, entre as notícias de embates e bombardeios aéreos.

A história não é nova. Há anos, na verdade, essa vizinhança em Jerusalém Oriental opõe palestinos e israelenses. Em 2014, quando eu era correspondente da Folha no Oriente Médio, eu escrevi uma reportagem sobre as tensões entre os moradores daquele bairro.

As casas de Sheikh Jarrah foram construídas em 1956 pelo governo Jordaniano –que naquela época controlava a parte leste de Jerusalém– para abrigar famílias de refugiados palestinos. Eles tinham sido forçados a deixar as suas casas após a criação do Estado de Israel, em 1948. Depois da subsequente tomada de Jerusalém Oriental por Israel, em 1967, colonos israelenses começaram a se mudar para o bairro.

Em parte, os colonos se baseavam na história da comunidade judaica que morava ali na Antiguidade, perto da tumba de Simeão, um sumo sacerdote de em torno de 300 a.C. Eles se baseavam também na suposta compra de terrenos no século 19, contestada por palestinos. A lei israelense permite que israelenses retomem as propriedades que eles deixaram em 1948. Palestinos, porém, não podem fazer o mesmo.

Após uma série de disputas legais, Israel começou a despejar famílias palestinas de Sheikh Jarrah, no que palestinos chamam de limpeza étnica. A última vez foi em 2009, com a expulsão das famílias Hanoun e Ghawi. Mas a tensão seguiu. Em 2014, quando escrevi minha reportagem, a família Kurd tinha que dividir sua casa com colonos judeus que tinham se instalado ali, sob a vista das autoridades.

A retomada recente de ações de despejo voltou a inflamar os ânimos. Há ações em curso para expulsar diversas famílias. Houve protestos de palestinos contra essas medidas, seguidos de embates com as autoridades israelenses. Sheikh Jarrah se tornou, assim, um símbolo de uma questão maior –em especial, o uso de leis que se aplicam apenas a parte da população e a frequente expulsão de palestinos de suas casas.

Foi nesse contexto que os últimos eventos se desenrolaram. Entre eles, a violência na mesquita de al-Aqsa, a terceira mais sagrada para o islã. Forças de segurança israelenses dispararam balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo dentro da mesquita, que estava lotada de fiéis neste período festivo de ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos. Segundo o Centro Palestino para os Direitos Humanos, 305 palestinos foram feridos no local nesta segunda-feira (10).

Agravando a situação, a facção radical Hamas lançou foguetes contra Jerusalém. O grupo, considerado terrorista por Israel e pelos Estados Unidos, vinha ameaçando Israel devido ao que estava acontecendo em Sheikh Jarrah e na mesquita de al-Aqsa. Em revide, o Exército israelense bombardeou a faixa de Gaza. Segundo o Hamas, nove pessoas morreram durante os ataques aéreos, incluindo três crianças.

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Indicado ao Oscar, curta palestino entra no cardápio da Netflix https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/18/indicado-ao-oscar-curta-palestino-entra-no-cardapio-da-netflix/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/18/indicado-ao-oscar-curta-palestino-entra-no-cardapio-da-netflix/#respond Thu, 18 Mar 2021 14:02:30 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/ThePresent-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6066 O curta-metragem palestino “The Present” entrou nesta quinta-feira (18) no serviço de streaming Netflix. Indicado ao Oscar, o filme de 24 minutos conta a história de um homem palestino e sua filha tentando cruzar as fronteiras entre a Cisjordânia e Israel para comprar um presente. O trailer está disponível abaixo, com legendas em inglês:

“The Present” é dirigido pela palestina-britânica Farah Nabulsi, responsável por outros quatro curtas: “Today They Took My Son” (hoje levaram meu filho), “Oceans of Injustice” (oceanos de injustiça) e “Nightmare of Gaza” (pesadelo de Gaza). O enfoque de sua obra é a vida nos territórios palestinos ocupados por Israel. Nabulsi agora trabalha em um longa-metragem que ainda não foi anunciado.

A edição do Oscar deste ano conta também com um filme tunisiano. O longa “O Homem Que Vendeu Sua Pele”, da diretora Kaouther Ben Hania, concorre na categoria de melhor filme internacional. É a história de um refugiado sírio que deixa um homem tatuar suas costas em troca de um visto para viajar à Europa. O trailer está abaixo:

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Rede social Clubhouse serve de válvula de escape no Oriente Médio https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/11/rede-social-clubhouse-serve-de-valvula-de-escape-no-oriente-medio/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/03/11/rede-social-clubhouse-serve-de-valvula-de-escape-no-oriente-medio/#respond Thu, 11 Mar 2021 15:48:25 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/Clubhouse2-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6044 Na manhã desta quinta-feira (11), usuários da rede social Clubhouse conversavam em árabe sobre o que bem entendiam. Em uma sala bastante popular, por exemplo, médicos respondiam a perguntas sobre a vacina contra a Covid-19. Em outra, cinéfilos fofocavam sobre os bastidores da telona. Também havia um grupo de pessoas analisando os sonhos umas das outras. E uma sala com o título “o que você vai fazer neste final de semana”, para jogar conversa fora mesmo. Esses são exemplos pontuais da explosão de diálogo acontecendo — por enquanto no subterrâneo — nessa recém-nascida rede social.

O Clubhouse é um aplicativo de conversas em áudio, em geral entre desconhecidos. Você seleciona uma sala, entra e começa a ouvir, quiçá também falar, sobre o assunto que escolher. Pode parecer trivial, em sociedades com liberdade de expressão e poucos tabus. Em partes do Oriente Médio, no entanto, essa rede social tem servido de válvula de escape. Na conservadora e repressiva Arábia Saudita, o Clubhouse chegou ao topo da lista de aplicativos sociais da loja da Apple. No Egito, há salas com mais de 2.000 participantes. Na Turquia, onde se fala turco, ativistas usaram essa rede em como ferramenta de protesto.

Segundo uma reportagem recente do Washington Post, a diáspora síria — espalhada pelo mundo devido à guerra civil que assola o país desde 2011 — tem usado o Clubhouse para reviver suas tradicionais conversas matutinas. Nessa rede social, eles contam piadas, pedem dicas de onde comprar comida levantina nos seus novos países e falam também sobre como o regime sírio devastou partes do país nestes últimos anos.

Um dos grandes poréns do Clubhouse, por ora, é o fato de que o aplicativo só funciona no sistema iOS, excluindo quem não tem dinheiro para comprar um iPhone — em partes do Oriente Médio, a imensa maioria da população. Como lembra o Post, a acessibilidade é afetada também pelos cortes diários de eletricidade e internet.

Há um problema ainda maior, no entanto. A conversa sem filtro, por vezes de tom político, parece já incomodar os governos autoritários da região. Usuários reclamam do funcionamento do aplicativo nos Emirados Árabes, por exemplo. A imprensa egípcia já acusa o Clubhouse de apoio a células terroristas, típica acusação feita a quem discorda do regime. Um artigo no site Middle East Eye insiste em que a pergunta não é “se” as ditaduras vão começar a monitorar essas conversas, mas “quando”. Esses governos se lembram, afinal, do papel que redes como o Facebook e o Twitter tiveram em mobilizar os protestos de 2011, que derrubaram regimes autoritários na região.

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Instituto brasileiro lança livro acadêmico sobre Israel e Palestina https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/02/16/instituto-brasileiro-lanca-livro-academico-sobre-israel-e-palestina/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/02/16/instituto-brasileiro-lanca-livro-academico-sobre-israel-e-palestina/#respond Tue, 16 Feb 2021 16:41:44 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/IBI2-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6015 O IBI (Instituto Brasil-Israel) lança no fim deste mês o livro “Conflitos e Religiosidades: Israel, Palestina e Estudos Judaicos no Brasil” (R$ 39,90, 344 págs.). O volume, publicado em parceria pelo instituto e pela Universidade de Pernambuco, é organizado pelos professores Karl Schurster, Michel Gherman e Omar Thomaz. São 12 artigos, incluindo um estudo sobre a memória de soldados na invasão do Líbano em 1982 e uma pesquisa sobre uma igreja judaico-pentecostal em Recife.

É uma importante contribuição ao campo dos estudos judaicos no Brasil, que remonta aos anos 1960 com pesquisas sobre migração e antissemitismo. O texto de apresentação do livro traça um excelente resumo dessa tradição, apontando suas principais contribuições à academia — e suas lacunas. “A ascensão de uma nova (e assustadora) direita, no Brasil e no mundo, não podia deixar de ter um profundo impacto nos estudos judaicos”, escrevem os autores. “No campo das relações internacionais, a já tradicional centralidade de Israel, em particular, e do Oriente Próximo, em geral, é redimensionada a partir da atuação de lideranças como Donald Trump e Jair Bolsonaro.”

O lançamento do livro será formalizado durante um evento online neste dia 26 das 14h às 17h30. Serão três mesas com convidados: uma sobre o conflito Israel-Palestina, outra sobre memória e narrativas e por fim a última sobre identidades locais. A participação é gratuita.

O livro “Conflitos e Religiosidades” é um produto do laboratório de pesquisa inaugurado pelo IBI em 2020. É uma parceria com núcleos de estudos judaicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Pontifícia Universidade Católica de SP, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade de Pernambuco.

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Em discurso pelo impeachment, Nancy Pelosi cita canção israelense https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/01/13/em-discurso-pelo-impeachment-nancy-pelosi-cita-cancao-israelense/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/01/13/em-discurso-pelo-impeachment-nancy-pelosi-cita-cancao-israelense/#respond Wed, 13 Jan 2021 21:26:03 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/Pelosi-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5955 Nancy Pelosi, presidente da Câmara americana, citou nesta quarta-feira (13) uma canção israelense ao discursar pelo impeachment de Donald Trump. Ao dizer que o presidente incitou uma insurreição, ela mencionou o poema “Ein Li Eretz Acheret” (não tenho outra terra).

O texto é de Ehud Manor, que escreveu as letras de mais de mil canções. Ele compôs essa faixa em 1982 — quando Israel invadiu o Líbano. Eram anos de intensos protestos sociais no país, e Manor queria que a canção se tornasse um hino da esquerda israelense.

“Ein Li Eretz Acheret” versa em tradução livre: “Não posso ficar em silêncio diante do quanto minha terra mudou seu rosto / Não vou parar de tentar lembrá-la / Em seu ouvido cantarei meu choro / Até que ela abra seus olhos”. É um canto de descontentamento com uma nação que decepciona, mas também uma declaração de amor quase incondicional. Uma música para países que quase não se parecem o que haviam sido. O vídeo dessa canção está abaixo, em hebraico.

Emendando na citação de “Ein Li Eretz Acheret”, Pelosi pediu que os legisladores republicanos — do mesmo partido de Trump — abrissem seus olhos e responsabilizassem o presidente por suas ações. Pesa, em especial, a acusação de que Trump incitou a turba que invadiu o Capitólio no último dia 6. Segundo o texto do impeachment, “incitados pelo presidente, membros da multidão à qual ele se dirigiu (…) violaram e vandalizaram o Capitólio, feriram e mataram equipes de segurança, ameaçaram membros do Congresso e o vice-presidente e se engajaram em atos violentos, mortais, destrutivos e sediciosos”.

O vídeo em que Pelosi menciona o poema está no tuíte abaixo.

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Autor destrincha o tradicionalismo, que influenciou Olavo e Araújo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/12/15/autor-destrincha-o-tradicionalismo-que-influenciou-olavo-e-araujo/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/12/15/autor-destrincha-o-tradicionalismo-que-influenciou-olavo-e-araujo/#respond Tue, 15 Dec 2020 18:39:56 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/Bannon-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5908 A Editora Âyiné publica neste mês o livro “Contra o Mundo Moderno: O Tradicionalismo e a História Intelectual Secreta do Século XX”. Na obra, o historiador britânico Mark Sedgwick destrincha essa escola de pensamento ainda pouco conhecida. O tradicionalismo influenciou figuras como o guru bolsonarista Olavo de Carvalho, o chanceler brasileiro Ernesto Araújo e o estrategista americano Steve Bannon.

A notícia não caberia neste Orientalíssimo blog não fosse a influência do islã e de outras filosofias da cultura árabe no desenvolvimento da escola tradicionalista — uma história que Sedgwick conta no livro. O francês René Guénon, um dos fundadores do tradicionalismo, morreu no Cairo, onde tinha adotado o nome Abd al-Wāḥid Yaḥyā. Já Olavo fez parte nos anos 1980 de uma ordem sufista, nome dado a uma corrente mística do islã. Sedgwick, diga-se de passagem, morou no Cairo. Aos 60 anos, é professor de estudos islâmicos da Universidade Aarhus (Dinamarca) e chefia a Sociedade Nórdica de Estudos Médio-Orientais.

Não vou me alongar na descrição do tradicionalismo. Minha colega Patrícia Campos Mello publicou em abril uma excelente reportagem sobre essa ideia. Ela eplicou, por exemplo, que “os tradicionalistas acreditam que a religiosidade, a espiritualidade, deveria estar no centro da sociedade, em vez da democracia secular, da liberdade de expressão, da igualdade econômica”. Ainda segundo Mello, os seguidores da escola “ressaltam a necessidade de se voltar ao tempo anterior à modernidade, de buscar as religiões não corrompidas”.

Sedwick menciona o Brasil poucas vezes em sua obra. Mas conta em uma nota de rodapé, por exemplo, que foi Fernando Guedes Galvão quem traduziu a obra “Crise do Mundo Moderno” para o português em 1948, um dos clássicos do tradicionalismo. Ele também menciona o papel de Luiz Pontual, que igualmente se envolveu com a escola.

Capa de “Contra o Mundo Moderno”. Crédito Divulgação
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