Orientalíssimo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br por Diogo Bercito Tue, 30 Nov 2021 20:49:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Orientalíssimo tem novo endereço na Folha https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/11/30/orientalissimo-tem-novo-endereco-na-folha/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/11/30/orientalissimo-tem-novo-endereco-na-folha/#respond Tue, 30 Nov 2021 20:49:20 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6381 Caro leitor,

Este blog continua na Folha, mas, agora, em um novo endereço. Acesse www1.folha.uol.com.br/blogs/orientalissimo para continuar lendo tudo que o Orientalíssimo publica. Os textos já publicados permanecerão neste espaço para serem lidos e relidos. Clique no link a seguir para ler o primeiro texto publicado no novo endereço do blog: Com agravo de crise histórica, crianças libanesas passam fome.

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Embaixada do Brasil no Cairo inaugura mostra de fotos de Dom Pedro https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/10/28/embaixada-do-brasil-no-cairo-inaugura-mostra-de-fotos-de-dom-pedro/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/10/28/embaixada-do-brasil-no-cairo-inaugura-mostra-de-fotos-de-dom-pedro/#respond Thu, 28 Oct 2021 15:15:53 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/Screen-Shot-2021-10-28-at-10.45.17-AM-320x213.png https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6341 Em celebração do aniversário de 150 anos da primeira visita de Dom Pedro 2º ao Egito, a Embaixada do Brasil no Cairo inaugura em novembro uma exposição de fotografias do século 19 reunidas pelo imperador durante sua passagem no país. São 90 reproduções em alta resolução, raros registros de um Egito em vias de transformação.

Dom Pedro visitou o Egito duas vezes, em 1871 e em 1876, uma história que contei na Folha há alguns anos. Ele era um entusiasta da história da região e estudava árabe. Nessas visitas, o imperador reuniu centenas de fotografias – e tomou as suas próprias também. O material hoje integra a coleção Dona Thereza Christina Maria. Tanto as fotografias coletadas quanto as cadernetas de anotações de Dom Pedro são reconhecidas pela Unesco como registro da memória do mundo.

Em um artigo publicado no principal jornal do Egito, al-Ahram, o embaixador Antônio Patriota escreveu que a exposição serve de lembrete “de como o Egito fascinou todos os cantos do mundo”. “É também um incentivo para os brasileiros e egípcios para continuar a unir forças na promoção da cultura, para benefício não apenas das nossas sociedades, mas também de uma audiência global mais ampla.”

A mostra “De Volta ao Egito: Uma Coleção Brasileira de Fotografias” está em cartaz de 3 a 30 de novembro no Centro de Arte de Gezira, no bairro de Zamalek. Além da organização da embaixada brasileira, a exposição conta com a parceria do Ministério da Cultura do Egito.

Imagem do Egito tomada no século 19. A fotografia faz parte da coleção de Dom Pedro. Crédito Reprodução
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Curta investiga as raízes de família síria que migrou para o Brasil https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/curta-investiga-as-raizes-de-familia-siria-que-migrou-para-o-brasil/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/curta-investiga-as-raizes-de-familia-siria-que-migrou-para-o-brasil/#respond Tue, 31 Aug 2021 21:03:03 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/InMemoriam-320x213.jpeg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=6295 Despretensioso, o curta-metragem documental “In Memoriam” tem apenas um personagem: o sírio Jorge Samman. Atrás do volante de seu carro e debruçado em uma mesa de café, entre baforadas de cigarro, ele fala por dez minutos sobre sua família. Depois, os créditos sobem.

Apesar da despretensão –ou justamente por causa dela– “In Memoriam” é um dos destaques desta edição da Mostra Mundo Árabe de Cinema. O curta documenta a busca do cineasta brasileiro Otavio Cury por suas raízes familiares na Síria. O filme acaba tocando, assim, em temas fundamentais da comunidade de origem árabe no Brasil, cuja história aliás eu conto no meu recém-lançado livro “Brimos”.

Em 2001, Cury foi até a cidade síria de Homs à procura de mais informações sobre a sua família. Seu bisavô, Daud Constantino al-Khoury, tinha sido um dos principais dramaturgos sírios. O cineasta transformou aquela experiência no documentário “Constantino”, de 2012. Narrado em primeira pessoa, o filme tem um caráter bastante autoral, visceral, acompanhando a auto-descoberta de Cury.

Foi em 2001 que Cury conheceu Jorge, primo de segundo grau de seu pai. Em 2009, em uma segunda viagem, o cineasta brasileiro gravou sua conversa com o parente usando uma câmera portátil. Jorge, porém, adoeceu antes das gravações oficiais de “Constantino” no final de 2009. Portanto, ele infelizmente não aparece no documentário de 2012.

Este novo filme, “In Memoriam”, resgata aquelas primeiras imagens. Resgata, também, o personagem de Jorge. A aparente simplicidade de sua fala esconde camadas e camadas de história familiar, um importante registro da experiência de migrantes sírios no Brasil. Jorge narra a vida e morte de seus parentes. Ele também flerta com o fantástico e o poético, Cury diz a este Orientalíssimo blog. Por exemplo, na história do homem que morre abraçado a um cavalo. É um interessante documento de história oral, para os interessados na área.

Nos curtos dez minutos de conversa, Jorge cita as instituições fundadas por sírios no Brasil – como o Clube Homs – e o ex-governador Paulo Maluf, de origem libanesa. Ele fala em espanhol porque, apesar de ter nascido na Síria, viveu na Argentina, como tantos outros migrantes.

O curta “In Memoriam” está em cartaz até 16 de setembro na Mostra Mundo Árabe de Cinema. Como os demais filmes, a exibição é gratuita. Há mais informações sobre o evento em uma publicação anterior aqui no blog. O diretor Cury participa, ademais, de um bate-papo neste dia 1º às 17h com o cineasta Wissam Tanios, a reitora da Unifesp e idealizadora da mostra Soraya Smaili e o historiador Murilo Meihy.

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Brasil tem 12 milhões de árabes, diz pesquisa da câmara de comércio https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/22/brasil-tem-12-milhoes-de-arabes-diz-pesquisa-da-camara-de-comercio/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/22/brasil-tem-12-milhoes-de-arabes-diz-pesquisa-da-camara-de-comercio/#respond Wed, 22 Jul 2020 14:01:47 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/Screen-Shot-2020-07-22-at-9.55.04-AM-320x213.png https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5575 O Brasil tem 12 milhões de árabes e descendentes, segundo uma pesquisa apresentada na quarta-feira (22) pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O estudo foi feito pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) e pela H2R Pesquisas Avançadas. O evento coincidiu com o aniversário de 68 anos da Câmara Árabe. O levantamento mostra também que 27% dos árabes no Brasil dizem ter origem libanesa, enquanto 13% clamam raízes sírias.

A migração dos árabes ao Brasil é um dos temas cativos deste Orientalíssimo blog. Migrantes vindos do que era então o Império Otomano começaram a chegar em massa por volta de 1870 e se espalharam por todo o território nacional. Alguns deles se destacaram na política, como Paulo Maluf, Michel Temer e Fernando Haddad.

Apesar da proeminência dos árabes no Brasil, não existe um número confiável de quantos deles moram no país. O governo brasileiro estima há anos de maneira oficial que existem de 7 a 10 milhões de libaneses e descendentes — sem apresentar qualquer embasamento científico para tal cifra. Daí a relevância deste levantamento da Câmara Árabe.

“O número de árabes tem sido citado de maneira aleatória”, disse Walid Yazigi, presidente do Conselho de Orientação da câmara. “Foi por essa indeterminação que a câmara deliberou fazer um censo de maneira científica, por amostragem, em todo o território nacional”, afirmou.

A pesquisa do Ibope e da H2R Pesquisas Avançadas foi feita a partir de uma amostragem de 2.002 entrevistas realizadas em 143 municípios de 11 a 15 de outubro de 2019. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para assistir à apresentação do estudo, em que a sua metodologia é detalhada.

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Editora brasileira estreia com traduções do árabe, turco e persa https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/20/editora-brasileira-estreia-com-traducoes-do-arabe-turco-e-persa/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/20/editora-brasileira-estreia-com-traducoes-do-arabe-turco-e-persa/#respond Mon, 20 Jul 2020 13:00:54 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/E47C894E-06AA-420A-89C4-59F27C7B2AF3.jpeg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5554 Uma nova editora estreia neste mês, no Brasil, com um catálogo voltado a autores do Oriente Médio e do Norte da África. A Editora Tabla, liderada por Laura di Pietro e Ana Cartaxo, publicará traduções diretas do árabe, do turco e do persa para a língua portuguesa.

Quem acompanha este Orientalíssimo blog sabe que faltam livros em português sobre aquela região. Em 2016, por exemplo, escrevi uma coluna na Folha com um apelo por mais traduções. O resultado é que leitores brasileiros têm um contato limitado com as culturas de lugares como Marrocos, Palestina e Irã, entre tantos outros. Eles leem as notícias nos jornais e ouvem sobre os conflitos que assolam esses países — mas não têm acesso à rica poesia e ficção escrita ali, perdendo assim a oportunidade de conhecer justamente o que é humano.

Di Pietro, 56, conta que ela e a sócia Cartaxo, 53, fizeram essa mesma constatação durante suas viagens pela região. “Vimos que tinha muito pouca coisa em português”, diz a este blog. Nenhuma das duas têm origem árabe, turca ou iraniana. Do diagnóstico ao tratamento foi um período de dez anos, durante o qual elas matutaram como é que poderiam montar uma editora voltada a essas culturas — e de forma sustentável, isto é, de maneira com que o projeto seja longevo. “Começamos bem pequenininhos e foi um caminho bastante lento.”

O trajeto envolveu, por exemplo, duas viagens à feira do livro de Sharjah, nos Emirados Árabes, uma em 2011 e a outra em 2019, culminando em um financiamento daquele país para algumas das traduções. Di Pietro e Cartaxo tiveram também de montar uma equipe de tradutores. O time é capitaneado pelos professores da USP Safa Jubran e Michel Sleiman, dois dos principais tradutores do árabe ao português. Eles trouxeram alguns de seus alunos para o projeto, que Di Pietro descreve como uma geração de competência excepcional.

A Editora Tabla deve publicar entre 10 e 12 livros adultos por ano, além de um pequeno catálogo infantil. Há dois títulos previstos para o fim de julho e começo de agosto. O primeiro é “Da Presença da Ausência”, do palestino Mahmud Darwich, com tradução de Marco Calil. Já o segundo é “Poema dos Árabes”, do pré-islâmico Chânfara, com tradução de Michel Sleiman. O catálogo inclui também  “Madona Com Casaco de Pele”, do turco Sabahattin Ali, com tradução de Marco Sarayama de Pinto; “E Quem É Meryl Streep”, do libanês Rachid Daif, com tradução de Felipe Benjamin Francisco; e “Correio Noturno”, da libanesa Hoda Barakat, com tradução de Safa Jubran.

A ideia, segundo Di Pietro, é construir um catálogo variado, mesclando clássicos com contemporâneos e autores com autoras. “É um trabalho de nicho”, ela diz, “mas é um trabalho bonito, e feito com vontade.”

Ana Cartaxo, da Editora Tabla, durante viagem ao Marrocos. Crédito Arquivo Pessoal
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No Reino Unido, homem cozinha com receita babilônica de 4.000 anos https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/01/no-reino-unido-homem-cozinha-com-receita-babilonica-de-4-000-anos/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/01/no-reino-unido-homem-cozinha-com-receita-babilonica-de-4-000-anos/#respond Wed, 01 Jul 2020 18:38:26 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/Bill.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5514 Cordeiro, cevada, alho poró, coentro. Os ingredientes são quase corriqueiros, mas a refeição que William Sutherland cozinhou no domingo (28) é excepcional — e antiquíssima. Ele seguiu uma receita de 1750 a.C, da Antiga Babilônia. O texto, talhado em uma tabuleta, tem quase 4.000 anos. É uma das receitas mais antigas do mundo.

Sutherland, um biólogo britânico, encontrou os textos babilônicos no livro “Anciente Mesopotamia Speaks” (A Antiga Mesopotâmia fala), editado por Agnete Lassen, Eckart Frahm e Klaus Wagensonner. Ele compartilhou seus experimentos na rede social Twitter, onde reproduziu as receitas e publicou as fotografias dos seus pratos.

As tabuletas com texto cuneiforme não têm instruções claras nem quantidades. Sutherland precisou, assim, improvisar na cozinha. O biólogo também decidiu substituir alguns ingredientes. Em vez de sangue de ovelha, colocou molho de tomate. Alguns dos pratos, ele diz, não ficaram assim tão deliciosos. Foi o ensopado de cordeiro que deu mais certo — foi “fácil” e ficou “delicioso”, nas palavras do mestre-cuca.

As aventuras culinárias de Sutherland se parecem com as do americano Samuel Blackley, que assou um pão no ano passado usando uma levedura do Antigo Egípcio. Com a ajuda da arqueóloga Serena Love, da Universidade Queensland, ele extraiu um fermento adormecido em uma cerâmica egípcia e o usou para cozinhar.

Veja abaixo o tuíte de Sutherland. “Culpo a quarentena, mas por algum motivo decidi fazer uma receita babilônica a partir da tabuleta à direita”, o texto diz. “Foi a melhor refeição babilônica que já comi.”

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Sesc transmite monólogo sobre um caixeiro-viajante libanês no Brasil https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/11/sesc-transmite-monologo-sobre-um-caixeiro-viajante-libanes-no-brasil/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/11/sesc-transmite-monologo-sobre-um-caixeiro-viajante-libanes-no-brasil/#respond Thu, 11 Jun 2020 16:05:58 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/Screen-Shot-2020-06-11-at-11.50.56-AM.png https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5436 O Sesc São Paulo transmitiu ao vivo em seu canal, no domingo passado (7), o monólogo “Cartas Libanesas”. Nos palcos desde 2015, a peça conta a história de um migrante libanês trabalhando como caixeiro-viajante no Brasil. A versão online do texto foi encenada em casa pelo próprio ator, Eduardo Mossri. O vídeo completo está disponível abaixo.

Tanto Mossri quanto o dramaturgo José Eduardo Vendramini, que escreveu a peça, são descendentes de libaneses. Eles se inspiraram nos relatos de suas famílias. Há também histórias de outros migrantes. Por exemplo, no início do monólogo o personagem de Mossri fala sobre as merendas no barco. O causo parece ter sido inspirado no depoimento de Mussa Chachur no livro de história oral “Memórias da Imigração: Libaneses e Sírios em São Paulo” (Discurso, 772 páginas, R$ 43).

Começando em 1870, libaneses migraram em massa para o Brasil. Os governos do Brasil e do Líbano estimam que há hoje entre 7 milhões e 10 milhões de descendentes de libaneses vivendo no país. Entre os filhos de libaneses que se destacaram na história recente estão Fernando Haddad, Michel Temer e Paulo Maluf. Seus pais migraram, respectivamente, de Ain Ata, Btaaboura e Hadath, no Líbano.

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Coronavírus interrompe peregrinação de muçulmanos e esvazia Meca https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/03/05/coronavirus-interrompe-peregrinacao-de-muculmanos-e-esvazia-meca/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/03/05/coronavirus-interrompe-peregrinacao-de-muculmanos-e-esvazia-meca/#respond Thu, 05 Mar 2020 18:39:58 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/Mecca1-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5191 Em meio aos esforços para conter a transmissão do coronavírus, o governo da Arábia Saudita esvaziou nesta quinta-feira (5) o lugar mais sagrado do islã, o centro de Meca. A área em torno da Kaaba — o cubo negro ao qual muçulmanos peregrinam — foi temporariamente interditada para esterilização, segundo a agência de notícias AFP. A Arábia Saudita já tem cinco casos confirmados de coronavírus.

Com isso, imagens circuladas pelas redes sociais durante a manhã mostravam um espaço vazio, em vez dos milhares de fiéis que passam por ali diariamente. A medida, descrita pelo governo como “sem precedentes”, afetou apenas a região adjacente à Kaaba. Outros andares da mesquita em torno do cubo seguiam abertos para a prece. Ainda assim, são bastante raras as imagens do espaço térreo tão deserto.

A Arábia Saudita já havia suspendido na quarta-feira (4) a peregrinação conhecida como Umra. A Umra é uma peregrinação a Meca semelhante ao Hajj, que em tese todo muçulmano tem de fazer ao menos uma vez na vida. Mas, enquanto o Hajj pode ser feito apenas durante um período específico do ano, a Umra pode ser feita a qualquer momento.

O Hajj ocorre em julho neste ano e, se o coronavírus ainda for uma ameaça, deve ser um momento particularmente delicado. Cerca de 2,5 milhões de pessoas foram a Meca no ano passado para fazer o Hajj. Proibir o ritual será um golpe e tanto para a comunidade muçulmana.

Com máscaras, funcionários limpam a mesquita de Meca. Crédito Reuters 3.mar.2020.

Segundo o site GulfNews, já há ansiedade ao redor do mundo quanto à perspectiva de a peregrinação ser cancelada neste ano. Quem guardou dinheiro por anos para custear o ritual se pergunta, por exemplo, se poderá recuperar o investimento. Agências de viagem especializadas na peregrinação devem sofrer um choque. Mesmo as rezas diárias têm sido alteradas em países de maioria muçulmana. O canal Al Jazeera informa, por exemplo, que as tradicionais preces de sexta-feira foram canceladas em algumas cidades do Irã. Em Singapura, líderes religiosos pedem que os fiéis tragam seus próprios tapetes para a mesquita.

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E se jornalistas cobrissem os EUA como fazem com o Oriente Médio? https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/01/20/e-se-jornalistas-cobrissem-os-eua-como-fazem-com-o-oriente-medio/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/01/20/e-se-jornalistas-cobrissem-os-eua-como-fazem-com-o-oriente-medio/#respond Mon, 20 Jan 2020 19:56:44 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/IMG_5356-e1579548387366-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5084 Considere o parágrafo a seguir: “Representando milícias, milhares de homens armados desceram a uma capital regional para cercar as autoridades e pressioná-las para legislar a seu favor. Os grupos brandiam diversas bandeiras, algumas delas estampadas por complexos símbolos do século 18, e exigiam que o governo respeitasse uma lei de 1791. Esse conflito foi iniciado por seus antepassados”.

Se você tivesse de adivinhar em que região do mundo a notícia acima aconteceu, o que diria? Tomo a liberdade de supor que grande parte dos leitores apontaria  para o Oriente Médio. Milícias, conflitos centenários e violência são de fato algumas das características recorrentes na maneira com que os jornalistas costumam representar aquela região, onde estão países como Egito, Síria e Iêmen.

O protesto armado, no entanto, aconteceu nos Estados Unidos. Acompanhei o evento in loco. As diferentes maneiras com que vi a imprensa abordar a questão me fizeram pensar em como a cobertura do Oriente Médio é marcada por diversos estereótipos que, afinal, poderiam ser utilizados também em outros lugares.

Recentemente, escrevi sobre esses estereótipos. Quando abordamos o Oriente Médio, ficamos à vontade para explicar fenômenos políticos por meio de lentes culturais. Tradição e religião parecem ser o segredo de tudo. Mas, para falar sobre os Estados Unidos ou a Europa, de repente tratamos os atores políticos como seres racionais.

O comediante libanês Karl Sharro tratou desse fenômeno em 2018. Ele decidiu narrar os protestos na França utilizando a mesma linguagem dos jornalistas que escrevem sobre o Líbano. No tuíte abaixo, por exemplo, ele diz: “Um movimento orgânico de protestos sem líderes ou uma ideologia clara surgiu na França. Estive esperando por isso desde 2011. Deixem que eu explique a Primavera Francesa para vocês”.

Karl Sharro “explicou” em seus tuítes, por exemplo, que os coletes amarelos vestidos pelos manifestantes naquela data representavam as regiões mediterrâneas da França oprimidas por Paris — eles ecoavam, portanto, insatisfações ancestrais. O fato de vestirem coletes, ademais, está relacionado à cultura francesa, em que tais prendas simbolizam o desamparo. “Ao virarem carros de ponta cabeça, os coletes amarelos estão simbolicamente capotando toda a premissa cartesiana da França”, segundo a sátira do comediante. “Não é apenas contra o autoritário Macron, mas uma revolta contra a ordem centenária.”

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No Qatar, professora da USP ganha prêmio de tradução árabe https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/12/08/no-qatar-professora-da-usp-ganha-premio-de-traducao-arabe/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/12/08/no-qatar-professora-da-usp-ganha-premio-de-traducao-arabe/#respond Sun, 08 Dec 2019 17:14:59 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/Safa2-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5006 A professora da USP Safa Jubran venceu neste domingo (8) o prêmio Sheikh Hamad de tradução árabe na categoria especial de tradução à língua portuguesa. O troféu, entregue no Qatar, é um reconhecimento à contribuição da professora Jubran ao campo. Ela traduziu nos últimos anos, entre outras obras, os romances “Yalo” (Elias Khoury), “Azazel” (Youssef Zeidan) e “Tempo de Migrar para o Norte” (Tayeb Salih). Jubran também traduziu “Dois Irmãos” (Milton Hatoum) ao árabe.

O prêmio Sheikh Hamad foi criado em 2015 para promover o entendimento entre a cultura árabe e o restante do mundo, privilegiando o trabalho dos tradutores que ajudam leitores a conhecer a literatura escrita naquela língua. A categoria especial de tradução à língua portuguesa estreou neste ano com o troféu entregue a Jubran. Catarina Belo, da Universidade Americana do Cairo, ficou em segundo lugar. Concorriam, em todas as categorias do prêmio, 234 pessoas.

Nascida no Líbano, Jubran migrou para o Brasil aos 19 anos durante a guerra civil travada naquele país entre 1975 e 1990. Estudou o mestrado e o doutorado na USP. O prêmio deste domingo tem um significado em especial para o autor deste Orientalíssimo blog. Foi Jubran quem me ensinou a língua árabe — despertando o interesse que me levou a estudar o Oriente Médio e trabalhar na região. Por isso, em tom pessoal, aproveito para dar os parabéns pelo merecido prêmio.

Para quem fala árabe, é possível assistir abaixo à mesa presidida pela professora Jubran durante o congresso paralelo à premiação. O professor da UFRJ Felipe Benjamin também participou do evento.

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