Orientalíssimo https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br por Diogo Bercito Tue, 30 Nov 2021 20:49:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Muçulmanos se preparam para um ramadã em meio à pandemia https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/04/06/muculmanos-se-preparam-para-um-ramada-em-meio-a-pandemia/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/04/06/muculmanos-se-preparam-para-um-ramada-em-meio-a-pandemia/#respond Mon, 06 Apr 2020 17:19:27 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/Ramadan.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5284 Muçulmanos ao redor do mundo contam os dias para o início do ramadã, o seu mês sagrado. A previsão é de que esse simbólico período de festas, cujas datas variam de acordo com o ciclo da lua, comece em 23 de abril — provavelmente, portanto, durante a pandemia do coronavírus. Assim, é bastante provável que muçulmanos tenham dificuldade em celebrar um dos momentos mais importantes do ano.

Muçulmanos celebram o ramadã porque, segundo o islã, foi nesse período que Deus revelou o Alcorão ao profeta Maomé. A comemoração envolve o jejum do nascer ao por do sol. Deixam de beber água, comer, fumar e ter relações sexuais, entre outras abstenções, como maneira de se lembrar do sofrimento dos demais.

O ramadã inclui também uma série de práticas sociais. A refeição antes do início do dia e a quebra do jejum quando anoitece são momentos de confraternização. Também é comum passar a noite na rua, festejando e rezando, e mesmo dormir nos arredores das mesquitas. Com milhões de pessoas em todo o mundo em quarentena ou praticando o distanciamente social, diversos desses rituais terão de ser revistos.

Nesse contexto, o site Middle East Eye publicou nesta segunda-feira (6) um extenso guia detalhando as possíveis mudanças para este ramadã limitado pelo coronavírus. O autor do texto diz, por exemplo, que muçulmanos já estão estocando os ingredientes necessários para as refeições do mês sagrado. Há problemas de abastecimento, com alguns produtos em falta — e a ida ao supermercado é complicada por toques de recolher, como aquele que restringe a saída no Egito das 19h às 6h.

Deve desaparecer, também, a figura típica conhecida como “musaharati”, a pessoa que acorda o bairro tocando uma espécie de tambor para lembrá-los de comer algo antes do nascer do sol. Já as rezas tradicionais de ramadã devem migrar para plataformas virtuais em diversas comunidades muçulmanas, para evitar aglomerações.

O impacto do coronavírus, no entanto, vai depender do quanto cada país e cada comunidade adotar as medidas de distanciamento social. Como no Brasil, há grupos religiosos que desafiam as recomendações médicas de que não se aglomerem — colocando os demais em risco.

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Após 7 anos, Kuwait deve voltar a importar carne bovina brasileira https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/02/14/apos-7-anos-kuwait-deve-voltar-a-importar-carne-bovina-brasileira/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2020/02/14/apos-7-anos-kuwait-deve-voltar-a-importar-carne-bovina-brasileira/#respond Fri, 14 Feb 2020 17:23:20 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/02/Tereza-e1581700623444-320x213.jpeg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=5143 O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou na quinta-feira (13) que o Kuwait decidiu voltar a importar carne bovina do Brasil. No anúncio, a ministra Tereza Cristina afirmou que as conversas para a reabertura do mercado foram iniciadas em setembro passado, durante sua visita. A Câmara de Comércio Brasil Árabe participou da missão, em que outros produtos foram negociados.

Segundo a Anba (Agência de Notícias Brasil-Árabe), havia há anos a expectativa de que o Kuwait voltasse a importar carne brasileira. Esse mercado estava fechado desde 2013 devido a um caso atípico de vaca louca no Paraná em 2012. Outros países já tinham retomado as importações de carne brasileira. O mercado do Kuwait seguia lacrado.

Segundo o ministério, as exportações agropecuárias do Brasil para o Kuwait durante 2019 totalizaram US$ 209 milhões. O principal produto é, hoje, a carne de frango, mas o Brasil exporta também milho, suco de laranja, farelo de soja, castanha de caju e café solúvel, entre outros.

A exportação de carne a países de maioria árabe é um mercado bilionário. Segundo uma reportagem da Folha, o Brasil é o maior exportador global de proteína animal halal. Uma carne halal é aquela abatida e processada de maneira a respeitar determinados preceitos islâmicos, algo feito por empresas brasileiras. Em 2017, o país supriu 51,9% da demanda do mundo árabe. Daí, em parte, a atenção dada à reabertura do mercado do Kuwait. Outra razão é o fato de que, com a aproximação do governo brasileiro com Israel, havia algum receio de que países árabes pudessem reduzir ou boicotar a carne brasileira.

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Em meio a protestos, regime do Sudão decide desligar a internet https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/13/em-meio-a-protestos-regime-do-sudao-decide-desligar-a-internet/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/13/em-meio-a-protestos-regime-do-sudao-decide-desligar-a-internet/#respond Thu, 13 Jun 2019 16:06:52 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/Sudao-e1560441673392-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=4711 O Sudão está completamente no escuro. Entre protestos e denúncias de violações dos direitos humanos, o regime militar decidiu apertar o interruptor e derrubou a internet no país. O blecaute, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, é quase completo — o que significa que o país de 40 milhões de pessoas agora está offline.

O regime, que governa o país em caráter temporário desde a deposição do ditador Omar al-Bashir em abril passado, já vinha sufocando a rede desde 3 de junho. O escurecimento da internet coincide com ataques violentos a manifestantes no país. Mas, na segunda-feira (10), as autoridades derrubaram praticamente todas a comunicação.

A estratégia, segundo ativistas sudaneses, serve para vários fins. Por exemplo, dificulta a comunicação entre grupos de oposição, que já não podem contar com serviços como Whatsapp para se organizar. São obrigados a conversar por telefone ou se reunir pessoalmente, o que aumenta o risco de repressão. Ademais, sem internet, ativistas não conseguem divulgar as violações aos direitos humanos — por exemplo, o uso de força para dispersar manifestações. Um porta-voz das autoridades de transição explicou as medidas recentes, afirmando que a internet “representa uma ameaça à segurança nacional”.

Blecautes na internet não são uma novidade, como escreveu Steven Feldstein no jornal Washington Post. Mas a tática tem se tornado cada vez mais comum entre regimes autocráticos, como maneira de controlar seus cidadãos. As autoridades locais recorrem a essa estratégia, em especial, quando elas são desafiadas nas ruas.

Derrubar a internet, no entanto, é bastante custoso, diz Feldstein. Como todo o mundo fica offline, os negócios são impactados também. Cinco dias de blecaute no Sudão significam, segundo o jornal americano, uma perda de US$ 228 milhões (quase R$ 900 milhões). Ironicamente, os protestos começaram devido às agruras econômicas, incluindo o alto preço do pão. Empobrecer o país de pouco ajuda.

Dito isso, o cálculo que o governo sudanês talvez tenha feito é que pouca gente de fato usa a internet por ali. Apenas 31% usam a rede, diz Feldstein, e só 7% usam as redes sociais. Ademais, a porcentagem que usa essas redes coincide com a população que está nas ruas, protestando. O regime decidiu, pois, que valia a pena apagar a luz.

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Nascido em São Paulo, ministro libanês visita o Brasil para fomentar comércio https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/30/nascido-em-sao-paulo-ministro-libanes-visita-o-brasil-para-fomentar-comercio/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/30/nascido-em-sao-paulo-ministro-libanes-visita-o-brasil-para-fomentar-comercio/#respond Tue, 30 Apr 2019 17:27:47 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Mourad-e1549482938397-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=4628 Hassan Abd al-Rahim Mourad, ministro do Comércio Exterior do Líbano, visita o Brasil nesta semana. Nascido em São Paulo, Mourad tem um interesse em particular pelo país. Portanto, sua agenda inclui a tentativa de fomentar uma troca comercial mais vistosa — uma tarefa delicada, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se afasta do mundo de cultura árabe e se aproxima de Israel, rival do Líbano.

Desde seu desembarque no domingo (28), Mourad visitou o evento Expofood, no Rio de Janeiro, e se reuniu com membros da comunidade libanesa. Ele deve se encontrar com o embaixador libanês, Joseph Sayah, e com um representante da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Há também uma reunião prevista com o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, e com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. O pai de Paulo Skaf, Antoine, migrou da cidade libanesa Zahle nos anos 1930.

Mourad nasceu em São Paulo em 1976. Ele é filho de Abd al-Rahim Mourad, que vivia àqueles anos no Brasil. Seu pai atua como deputado no Líbano desde os anos 1990 e serviu, também, como ministro da Educação. A família conta, ademais, com um outro político: o brasileiro Said Mourad, que foi deputado na Assembleia Municipal de São Paulo nos anos 2000, um dos raríssimos de origem muçulmana no país.

O governo brasileiro estima que há entre 7 milhões e 10 milhões de libaneses, incluindo descendentes, no Brasil. Isso inclui figuras de preso na política, como o ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Fernando Haddad. Há também inúmeros “patrícios” — como eles se chamam — em diferentes áreas, como a literatura (Milton Hatoum), a medicina (Roberto Kalil) e o direito (Carlos Alberto Dabus Maluf).

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Comitiva religiosa palestina vai ao Brasil fazer lobby por Jerusalém https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/23/comitiva-religiosa-palestina-vai-ao-brasil-fazer-lobby-por-jerusalem/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/23/comitiva-religiosa-palestina-vai-ao-brasil-fazer-lobby-por-jerusalem/#respond Wed, 23 Jan 2019 15:54:14 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/Jerusalem-e1548258490793-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=4395 Uma delegação de líderes religiosos palestinos chega nesta sexta-feira (25) ao Brasil para tentar convencer o governo brasileiro a desistir de seus controversos planos no Oriente Médio. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) promete desde sua campanha que vai transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv a Jerusalém — na prática, reconhecendo Jerusalém como capital de Israel apenas e ignorando, portanto, as reivindicações palestinas àquela mesma cidade.

Já há intensa pressão política nesse sentido. O Egito, por exemplo, cancelou em novembro passado uma visita do chanceler brasileiro devido à controvérsia. A Liga Árabe também alertou o governo brasileiro de que suas relações diplomáticas com os países de cultura árabe serão prejudicadas. Romper os laços terá um grande impacto na economia brasileira, já que nações como Egito e Arábia Saudita estão entre os principais importadores da carne brasileira.

O negociador-chefe palestino Saeb Erekat afirmou em entrevista à Folha que seu governo responderá com sanções diplomáticas e econômicas caso Bolsonaro cumpra sua promessa de campanha.

A comitiva religiosa que chega nesta semana abre uma nova frente de pressão. O grupo inclui líderes católicos, luteranos e evangélicos. Um deles, o reverendo Mitri Raheb, conversou com este Orientalíssimo blog sobre os planos e a importância de homens de fé para mudar a opinião do governo brasileiro. Na agenda, estão programadas reuniões com líderes brasileiros e representantes da comunidade árabe.

Orientalíssimo – Por que o senhor decidiu viajar ao Brasil?
Mitri Raheb – Tenho trabalhado nos últimos 30 anos de maneira ativa com a advocacia junto a igrejas. Quando me convidaram, tive a impressão de que esta missão ao Brasil em particular é importante devido ao presente contexto no Brasil e ao que está em jogo.

Houve diversas tentativas de cunho político para reverter a decisão brasileira. Por que uma delegação religiosa pode ser importante?
As igrejas continuam a ser um importante ator no hemisfério ocidental. Elas moldam de alguma maneira a opinião pública, e muitas igrejas também se dedicam a questões de justiça e paz. Vimos isso na África do Sul durante o Apartheid. A igreja católica no Brasil é um importante ator, mas também as igrejas evangélicas, que estão crescendo. Algumas delas têm uma agenda bastante de direita e religiosa e compram a narrativa cristã-sionista. Por isso que é importante reforçar as relações entre as igrejas no Brasil e na Palestina.

Existe uma bancada evangélica no Congresso brasileiro, e há a impressão de que a religião influencia a decisão brasileira de mover a embaixada. Mas a questão de Jerusalém é mesmo religiosa?
O conflito árabe-israelense é político, e não religioso. É um conflito por terra, direitos e recursos. Mas ainda assim o conflito tem um aspecto religioso. Israel usa a Bíblia para colonizar a Palestina. Alguns dos partidos islâmicos usam a religião também. Como cristãos palestinos, continuamos a dizer que, apesar de o conflito ser político, a religião tem um papel positivo importante. A religião pode ser parte do problema, mas tem o potencial de também ser parte da solução.

Se o Brasil de fato mover sua embaixada a Jerusalém, o que acontece com as relações com os palestinos, em especial os cristãos?
Se o Brasil decidir mover a embaixada e reconhecer Jerusalém como sendo de apenas um povo (o israelense) e uma religião (o judaísmo), será um golpe a todos os esforços de paz e uma receita para um conflito mais profundo. Suas relações com o mundo árabe e islâmico serão prejudicadas, e não apenas com os palestinos. Isso terá repercussões econômicas. O Brasil será isolado como os EUA, que ninguém mais segue. Isso também porá o Brasil contra a lei internacional. Aos cristãos palestinos, será quase como nos abandonar.

Há milhões de brasileiros de origem árabe. O senhor acredita que eles podem ter alguma influência em mudar os planos do governo de transferir a embaixada a Jerusalém?
Sim, acredito nisso e por isso vamos nos reunir com essas comunidades. A migração árabe ao Brasil aconteceu há um século. Brasileiros de origem árabe são parte integral da sociedade brasileira.

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Spotify chega ao Oriente Médio; veja sugestões de playlists em árabe https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/24/spotify-chega-ao-oriente-medio-veja-sugestoes-de-playlists-em-arabe/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/24/spotify-chega-ao-oriente-medio-veja-sugestoes-de-playlists-em-arabe/#respond Sat, 24 Nov 2018 17:35:36 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/Spotify-e1543080618734-320x213.jpg https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=4247 O Spotify, maior serviço de streaming de música no mundo, chegou na semana passada ao Oriente Médio com conteúdo e suporte em língua árabe. O aplicativo, disponível no Brasil desde 2014 com 40 milhões de canções, chega um bocado tarde ao baile médio-oriental. Afinal, fãs de música em países como o Egito e a Tunísia já têm acesso a outros serviços de streaming, incluindo o libanês Anghami (sobre o qual escrevi há alguns anos). A competição vai ser, portanto, algo dura.

Ainda assim, o lançamento do Spotify pode revitalizar o mercado árabe, que reúne cerca de 300 milhões de pessoas. Artistas palestinos, por exemplo, já sentem o resultado da chegada da empresa. Segundo uma reportagem da agência de notícias Reuters, o cantor Bashar Murad — de Jerusalém Oriental — diz que o número de seguidores mensais na sua conta do Spotify de repente saltitou de 30 para 6.500.

Uma das razões para esse otimismo está relacionada às listas de músicas. Também chamadas de “playlists’, essas listas são constantemente atualizadas pela equipe do Spotify, agrupando as canções que têm circulado por distintos públicos. É um apoio e tanto para a carreira de artistas, principalmente os que ainda não conseguiram chegar ao mercado global. O Spotify agora vai intensificar sua curadoria de playlists de música em árabe — que você pode ouvir também deitado na sua cama, em um distante Brasil. É um jeito de saber o que alguém em Dubai ou em Túnis está escutando neste dias.

Uma das listas mais interessantes é a “Today’s Top Arabic Hits”, que reúne os maiores sucessos da região. Neste dia 24, por exemplo, a playlist abria os trabalhos com uma canção da egípcia Sherine e emendava com os sons de Hazem Al Sadeer e de Nancy Ajram. Outra recomendação é a lista “Arabic Coffee”, com canções para você escutar de manhã enquanto passa o primeiro café do dia. Quem quiser conhecer as mulheres que fazem música no mundo árabe pode conferir, também, a lista “Women Wa Bas”. Ou, para a sua festa de casamento, uma ideia: “90’s Arabic Hits”, com clássicos dos anos 90.

Segundo o jornal The National, dos Emirados Árabes Unidos, o Spotify já tem mais de 40 listas com curadoria específica para o Oriente Médio. “Com essas playlists, estamos tentando cobrir tantas regiões quanto possível”, afirmou ao diário Tamim Fares, da equipe do Spotify. “Você vai encontrar, portanto, listas sobre rap marroquino, canções populares egípcias, músicas do golfo e mesmo reggae da Arábia Saudita. Não é apenas o mainstream — há muita música boa lá fora e queremos que as pessoas tenham consciência disso”, ele disse.

Quem estiver interessado nesse mercado pode escutar, além das sugestões acima, playlists como “Oriental Chill Vibes” e “Arabic EDM”, atualizadas com regularidade pelo serviço de streaming. Quem encontrar outras boas listas avise este Orientalíssimo blog, por favor.

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Com multas de até R$ 2.000, Egito pune assédio a turistas https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/05/22/com-multas-de-ate-r-2-000-egito-pune-assedio-a-turistas/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/05/22/com-multas-de-ate-r-2-000-egito-pune-assedio-a-turistas/#respond Tue, 22 May 2018 15:02:24 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/Egito2-e1526808804745-320x213.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3710 Cruzando a porta giratória do hotel, você põe o pé na calçada. Eles chegam em poucos segundos: taxistas sem licença, capitães de balsas, guias turísticos e vendedores ambulantes. Prometem um preço especial (“é meu primeiro cliente do dia!”), lisonjeiam (“só porque você é brasileiro!”) e desabafam (“desde a revolução de 2011 está muito difícil fazer negócio aqui”). Em alguns casos, ainda são crianças.

A experiência de passar as férias no Egito, como fez este Orientalíssimo blog na semana passada, inclui esses tantos encontros inevitáveis. A intensidade do assédio –às vezes o vendedor caminha por cinco, dez minutos ao seu lado antes de desistir– é incrementada nos arredores das Pirâmides de Gizé, no Cairo, ou do templo faraônico de Luxor. Nenhuma estratégia é realmente efetiva para se esquivar.

Ciente do impacto que esse comportamento pode ter para o turismo, uma de suas principais indústrias, o governo egípcio aprovou uma controversa lei: planeja punir os vendedores que assediarem seus visitantes. A regra foi votada pela Câmara dos Deputados em 23 de abril, prevendo multas de até 10 mil libras egípcias, o equivalente a R$ 2.000. “É ultrajante obrigar um turista a comprar algo”, disse o legislador Mohamed Abdo ao site Al-Monitor. “O assédio aos turistas não fere apenas eles, mas também o país e nos priva de renda.”

O turismo contribui com cerca de 12% do PIB egípcio. O recorde de renda do setor foi de R$ 44 bilhões em 2010. Os protestos que derrubaram seu ditador 2011, no entanto, afugentaram os visitantes –em 2016 a renda despencou a R$ 14 bilhões, quase quatro vezes menor.

Apesar de atuarem às margens do mercado formal, e apesar do constrangimento ao governo, os ambulantes e mendigos concentrados nessas regiões turísticas representam uma população desesperada após décadas de miséria. O Egito tinha em 2016 um PIB per capita de R$ 10 mil, em comparação aos R$ 32.000 do Brasil. São 95 milhões de pessoas em um país desértico, de limitadas terras cultiváveis.

Criança bebe água da torneira em uma favela no Cairo. Crédito Amr Dalsh/Reuters
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Estilista brasileiro consolida marca nos Emirados Árabes https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/04/05/estilista-brasileiro-consolida-marca-nos-emirados-arabes/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/04/05/estilista-brasileiro-consolida-marca-nos-emirados-arabes/#respond Thu, 05 Apr 2018 12:33:53 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Shoot-for-AAVVA-Base-DXB-A37966-1-e1522928872341-320x213.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3509 Na etiqueta que pende das roupas da elite local em países como os Emirados Árabes e a Arábia Saudita, brilha o nome de um brasileiro: o arquiteto Vicenzo Visciglia, sócio-fundador da marca AAVVA. Com a empresa, fundada em 2011 em Dubai, ele tem se consagrado como um dos nomes da moda na região do Golfo — em que antes havia se destacado por customizar uma tinta de parede com cristais Swarovski.

As peças estão disponíveis em redes da região, mas chegam também a lojas de departamento globais como a francesa Galeria La Fayette e a britânica House of Fraser. A coleção de 2018, inspirada na canção “La Vie en Rose”, mistura a imagem da flor de hibisco ao estilo pop art.

A edição árabe da revista Vogue recentemente deu destaque a outra das coleções da AAVVA, baseada na artista mexicana Frida Kahlo. “Com 14 peças utilizando um rol de materiais vindos do país-natal de Visciglia, o Brasil, a coleção reimagina Kahlo com retalhos feitos a mão e costurados aos vestidos, calças, saias”, registra a publicação de moda. Em 2017, o destaque foram as peças adaptadas ao mês do ramadã, sagrado aos muçulmanos, com cores e formas mais neutras.

Em uma entrevista ao jornal local Khaleej Times, o brasileiro disse:

Somos influenciados pela arquitetura no Líbano, por cidades como Beirute e Sidon, construídas em estilo italiano. Nós nos inspiramos também pela culinária libanesa. Recentemente, utilizamos nomes de pratos famosos de maneira chic na nossa linha urbana. O Brasil também é fonte de inspiração. Dos tecidos à beleza cênica do país, há tanta riqueza histórica.

Coleção da AAVVA. Crédito Divulgação

A AAVVA foi fundada por Visciglia –nascido em Tatuí, no interior de São Paulo– em parceria com Ahmad Ammar com a proposta de misturar design e arquitetura. Desde a fundação, a marca convenceu mulheres na região, com peças luxuosas vestidas pela cantora iemenita Balqees Fathi e pela jornalista iraquiana Souhair al-Qaisi.

Segundo uma reportagem publicada em 2014 pela Folha, algumas das peças de Visciglia são construídas com seda ou musselina com brocados e cristais. Às vezes, com fio de ouro. “Nossa roupa é cara”, disse o arquiteto ao repórter Chico Felitti — alguns milhares de dólares pelas prendas mais básicas. Já o verniz de parede customizado com cristais custava àquela época quase R$ 3.000 o metro quadrado.

Vincenzo Visciglia. Crédito Morena Buser/Folhapress
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Banda saudita faz clipe festejando a volta do cinema https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/01/04/banda-saudita-faz-clipe-festejando-a-volta-do-cinema/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/01/04/banda-saudita-faz-clipe-festejando-a-volta-do-cinema/#respond Thu, 04 Jan 2018 11:54:25 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/MostOfUs-180x80.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3178 O governo saudita anunciou no mês passado que vai reabrir seus cinemas depois de 35 anos de proibição e os roqueiros da banda local Most of Us decidiram festejar à sua maneira — gravaram um clipe. No vídeo da canção “Cinema na Arábia Saudita”, provocam os espectadores perguntando “vocês ainda assistem aos filmes na televisão?” e depois invadem as cenas de seus longas favoritos.

Eles passam por clássicos como “Guerra nas Estrelas” e “Matrix” comemorando ao lado dos personagens a gradual abertura de seu país. “Não vá mais ao Bahrein / para ver dois filmes”, diz a letra, em referência a um dos países vizinhos aos quais sauditas hoje viajam para ir ao cinema. “Tivemos essa ideia de que as estrelas que nos influenciaram se tornariam parte da canção, expressando o quão feliz estamos”, disse o vocalista Hasan Hatrash à rede “Al Arabiya”.

O clipe dá conta da rápida transformação do reino saudita, em grande parte estimulada pelo príncipe-herdeiro Muhammad bin Salman, conhecido pelas iniciais MBS. Em setembro, ele foi um dos responsáveis pelo fim da proibição de que mulheres dirijam. Ainda há, no entanto, um longo caminho a ser percorrido para garantir as liberdades individuais nesse país árabe conservador.

Os cinemas foram fechados durante os anos 1980. Clérigos sauditas — uma classe poderosa, mas em declínio — alegavam que os filmes ocidentais e mesmo alguns daqueles produzidos no mundo de fala árabe eram de alguma maneira pecaminosos. As salas de cinema, ademais, desagradavam os religiosos por permitirem o convívio sem supervisão entre homens e mulheres. É de se esperar que, reabertos, os cinemas segreguem os sexos. Os filmes devem passar por uma censura prévia.

Festival de cinema em outubro de 2017 na Arábia Saudita. Crédito AFP

Os cinemas devem reabrir em março. A britânica Vue Entertainment, a americana AMC e a canadense IMAX querem se instalar no país, segundo o “Financial Times”. Ao menos 300 salas devem abrir até 2030, criando 30 mil empregos e contribuindo com o equivalente a R$ 77 milhões.

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Família real da Jordânia e um primo do ditador sírio Assad são citados pelos Paradise Papers https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/11/08/familia-real-da-jordania-e-um-primo-do-ditador-sirio-assad-sao-citados-pelos-paradise-papers/ https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/11/08/familia-real-da-jordania-e-um-primo-do-ditador-sirio-assad-sao-citados-pelos-paradise-papers/#respond Wed, 08 Nov 2017 09:02:50 +0000 https://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/Noor-e1510131367338-180x72.jpg http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3021 Um novo vazamento de informações financeiras, desta vez apelidado “Paradise Papers”, associou figuras como a rainha Elizabeth, Madonna e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a paraísos fiscais — territórios com vantagens fiscais e protegidos por sigilo, descritos pelo colunista da Folha Clóvis Rossi como “um sistema que é uma imensa falha tectônica no capitalismo”.

O vazamento afetou também personalidades do mundo árabe. O site “New Arab” compilou a lista de alguns deles nesta terça-feira (7). O nome que imediatamente se destaca é o da rainha-mãe da Jordânia, Noor. Nascida nos EUA e casada com o rei Hussein, ela é madrasta do atual monarca, o rei Abdullah. Noor foi relacionada pelos “Paradise Papers” a dois fundos registrados em Jersey.

Também aparece no vazamento o nome de Rami Makhlouf, primo do ditador da Síria, Bashar al-Assad. Ele é relacionado a quatro empresas libanesas criadas entre 2001 e 2003 — a Síria ocupava o Líbano até 2005. Segundo o “New Arab”, Makhlouf já foi considerado “garoto propaganda da corrupção” na correspondência diplomática americana e foi alvo de sanções econômicas.

Outra personalidade pública árabe afetada pelos “Paradise Papers” é o príncipe saudita Khaled bin Sultan bin Abdulaziz Al Saud, ex-vice-ministro da Defesa. Suas informações financeiras descritas pelo vazamento remontam a 1989, com o registro de ao menos oito empresas em Bermudas. Ele teria usado as empresas para registrar seus iates. Uma das embarcações, o Golden Odyssey, tem 123 metros de comprimento, ou seja, é um pouco mais longo do que um estádio de futebol.

Príncipe saudita Khalid bin Sultan bin Abdul Aziz Al Saud Crédito Andrea Comas/Reuters

Não é ilegal manter empresas “offshore”. Dessa maneira, ter seu nome associado a elas não significa ter cometido nenhuma irregularidade. Mas essas firmas podem ser utilizadas para crimes como sonegação de imposto, ocultação de patrimônio e evasão de divisas. A existência desses paraísos também deixa evidente a facilidade dos mais ricos em evitar pagar impostos.

O jornal americano “New York Times” sugere que essa seja uma das explicações para o alargamento do abismo entre os ricos e os pobres no mundo: durante os últimos anos, as fortunas dos bilionários cresceu em média 8% ao ano, enquanto a riqueza global cresceu apenas 3%.

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